<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2004-03-31


O José pôs-se a dissertações, uma e outra vez, como em fascículos, sobre o actual uso abundante das expressões «esquerda» e «direita». O problema, porém, não é o do uso abundante. Mas o do (ab)uso indiscriminado. Daí que para se falar sobre a «esquerda» ou a «direita» se tenha que ter consciência do lado para que uma e outra ficam. Pois antes disso o mais provável é que o que se diga sobre uma ou outra dessas bandas não vá muito além do nada de que falaram Heidegger ou Sartre. É assim em geometria, assim como é em política. Aliás, a ciência de uma, a geometria, e a ciência de outra, a política, não são muito diversas. Nicky Florentino.

Referência



O senhor presidente do PND desafiou o senhor Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa para um debate, por este haver comparado o seu partido à FN de Le-Pen. Afirmou o senhor dr. Manuel Monteiro, “as coisas não podem continuar a ser ditas ao abrigo da impunidade do comentário, sem qualquer responsabilidade”. A auto-contradição performativa é uma comédia. Embora, neste caso, pareça um drama, mais do que uma tragédia. Nicky Florentino.

Referência



A articulação é uma das mais extraordinárias faculdades humanas. Porém, uns há que têm maior facilidade em articular do que outros. Um dos que padece de alguma dificuldade neste plano é o senhor Miguel Relvas. A propósito daquilo a que, sem o discernimento a que o juízo obriga, se atreveu a chamar “a mãe de todas as reformas do território”, disse o secretário de Estado da Administração Local que “a regionalização divide, a descentralização une. Quem votou contra a regionalização não votaria a favor da centralização de competências e meios da administração central”. Pois, pois... o certo é que quem votou contra a regionalização – e quem se absteve – contribuiu para – ou pactuou com – a centralização de competências e de meios nas mãos dos jacobinos burocratas e comissários do Estado. Nicky Florentino.

Referência



Ele, o insuportável - em todos os sentidos - senhor secretário de Estado da Administração Local, deve julgar que os outros que andam aqui pela pátria, todos, são néscios ou têm os neurónios em pousio. Acontece, porém, que não é bem assim. Há quem saiba - e não iluda - que o novo regime das áreas metropolitanas pouco ou nada acrescenta ao anterior regime de associações de municípios. Portanto, o seu insuflado discurso é conversa a mais para quem se limitou a baralhar e dar o mesmo jogo. É de suspeitar, aliás, que a criatura não saiba, mesmo, fazer outra coisa, baralhar. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-30


O voto em branco é um voto pouco ou nada atinado. Se o propósito é expressar desafeição ou descontentamento relativamente à ordem política vigente, a abstenção é uma hipótese não apenas mais económica, mas também mais ecológica do que o voto em branco. Por uma razão simples, a abstenção dispensa tanto a ida ao jogo quanto o bilhete. Nicky Florentino.

Referência



Só os cães são suficientemente fiéis para cair em contradição. E não consta que distingam o branco do xis. Ou que saibam o paradeiro de Strasbourg. Nicky Florentino.

Referência



O pároco satisfez-se com uma oração curta. Sentiu-se preparado. Em seguida, vestiu as insígnias da juventude, fez-se ao caminho, no encalce de uma vítima, mulher, qualquer que fosse. Decidiu esperar na sombra de um edifício em ruínas, protegido. Esperou. Esperou. Esperou. Surpreendeu a primeira mulher que se aproximou do local. Abordou-a, com um cumprimento, boa tarde. A mulher sorriu-lhe e, como está senhor prior?, perguntou. Estou com o diabo no corpo, respondeu. Ela correspondeu, está a ser maroto, disse. Ele concentrou-se, encontrou com as mãos uma faca de gume rude, apontou-a e, com um gesto largo, de balanço, rasgou-lhe o ventre. O olhar da mulher morreu. Não gritou. Não esboçou sequer defesa. O seu corpo, falecido, tombou no chão. O sacerdote, depois, ajoelhou-se e agarrou as vísceras do cadáver. Ao mesmo tempo começou a sussurrar uma ladaínha, cordeiro de deus que tirais o pecado do mundo... O Marquês.

Referência

2004-03-29


Atordoado com o desassisado hino à glória do clitóris, hino lavrado pela cristã pena do senhor Prof. Doutor João César das Neves e estampado na edição de hoje do Diário de Notícias, assomou-me um suspiro do conde de Lautréamont, assim vergado em palavras,
“Vi os homens cansarem os moralistas para lhes descobrirem o coração, fazerem derramar sobre eles a benção do alto. Emitiam meditações tão lestas quanto possível, alegravam o autor das nossas felicidades. Respeitavam a infância, a velhice, o que respira como o que não respira, prestavam homenagem à mulher, consagravam ao pudor as partes que o corpo evita nomear. O firmamento, cuja beleza admito, a terra, imagem do meu coração, por mim foram invocados para que me designassem um homem que não se julgasse bom. O espectáculo desse monstro, se se tivesse realizado, não me teria feito morrer de espanto: morre-se por mais. Tudo isto dispensa comentários”.
Ponto final. O Marquês.

Referência



Sou pouco assíduo da prosa do senhor Prof. Doutor João César das Neves, embora não tão pouco quanto das homilías de domingo, rituais a que me dispenso por sobejas razões, uma delas o não levar a pregação do prior a sério e tudo quanto é dito do altar me parecer ficção e coreografia pior do que as dos maus filmes de série bê. Ainda assim, por vezes, lá arrisco a leitura de uma peça sua, apesar de afligido pela sensação de, uma vez mais, estar a meter a pata na poça. Hoje, o dito senhor plumitivo decidiu dissertar, em hossana, sobre a glória feminina. E às tantas lavrou assim na sua prancha, “são hoje esquecidas e atacadas as duas razões mais próprias da glória feminina, o encanto da virgindade e o grandeza da maternidade. O engano é tal que vemos mulheres apreciar como ganhos a perversão da maternidade pelo aborto, da virgindade pela libertinagem, da família pelo divórcio”. Peço desculpa pela incredulidade, mas será que ele acredita, mesmo, no que escreveu? Ou esta crónica é uma mera paródia cristã?, um exercício onírico de catarse? Para ser sincero, não sei. Também não quero saber. Suspeito apenas que um dia destes tornarei a ler mais uma crónica do senhor Prof. Doutor João César das Neves. Just for fun. Segismundo.

Referência



Disse o senhor magistrado Rui Teixeira, em entrevista estampada na edição de hoje do Diário de Notícias, que se lhe tivesse calhado o inquérito judicial que envolvesse um tal Jalma da Amadora ninguém ligaria ao caso. Mas os gentios, agora, desassossegados, ávidos de tudo saber, curiosos, cativos da intriga, interrogam-se, perplexos, mas quem raio é o Jalma da Amadora? Segismundo.

Referência



As hodiernas composições sociais são sociedades de ilusão. E, porque assim é, tende a crer-se que as ilusões são poderosas. Segundo a edição de hoje do Público, dois terços dos portugueses entendem que a televisão tem demasiado poder. É por isso que, incapazes, impotentes, quando têm um problema, os gentios reclamam e clamam pelas câmaras dos operadores. Não resolvem o problema, mas expõem de modo condoído a miséria, na expectativa de que uma caridosa e altruísta entidade administrativa os socorra e lhes solucione o problema. No instante, os poderes, alojados onde devem estar, sobressaltam-se com a exposição da (ir)responsabilidade, seja ela política ou cívica. Porém, imediatamente depois, segue-se outro sobressalto. E o anterior é esquecido. É por isso que a televisão não tem poder. A sua força dissolve-se nas imagens e nas vozes que se projectam permanentemente sobre imagens e vozes anteriores. A televisão, enquanto emissor, esgota-se a si mesma. E nesse processo, recorrente, mais do que incomodar – como o moscardo maiêutico –, anestesia. Anestesia na ilusão, anestesia com as ilusões. É por isso, reitere-se, que a televisão não tem poder. Aliás, só a julga com poder quem não tem poder, os fracos, ou quem não sabe o que é o poder. Segismundo.

Referência

2004-03-28


Disse o Luiz Pacheco,
“O meu subsídio em princípio é vitalício, é um subsídio pelo passado. Mas com essa maluca das Finanças – por acaso até é gira, é muito feia mas é gira, uma mulher a sério, não é o Peixoto, aliás o Barroso! – nunca se sabe. Mas não, porque se uma pessoa tem mérito cultural não o perde por causa da ministra das Finanças”.
Ponto final. Segismundo.

Referência



Há vida ao fim-de-semana?, pergunto-me. Ou o fim-de-semana é um parêntesis na vida?, um parêntesis da vida? E, se é vida, a vida ao fim-de-semana é diferente da outra?, a vida útil dos dias úteis. Não sei, não quero saber. Amanhã é segunda-feira. Hoje é domingo. São certezas, poucas - como estas -, que me bastam. Segismundo.

Referência

2004-03-27


Disse o senhor dr. João Soares sobre o seu futuro político, "










". Ora, isto há-de querer dizer alguma coisa... Nicky Florentino.

Referência

2004-03-26


Les Triplettes de Belleville é um filme que se recomenda ao senhor dr. Paulo Portas. Para que ele veja, animadas, a força e a sabedoria da madame Souza... Segismundo.

Referência




O Marquês.

Referência

2004-03-25


Ao João Pedro.
Um dos princípios axiológicos que ordena as composições políticas do noroeste – espaço geopolítico que congrega o Norte e o Ocidente – é o princípio da diferenciação. Na prática, a mãe não é o filho da mãe. E vice-versa. Cada criatura, concebida como pessoa, tem os seus direitos e os seus deveres, independentemente da etnia, da filiação, da vizinhaça, do domicílio, do credo, da ideologia, das simpatias ou das companhias. Neste sentido, Ahmed Yassin, se criminoso – este condicional é mera retórica –, devia ter sido julgado e condenado. Os que acompanhavam ou estavam próximos de Ahmed Yassin quando lhe assestaram com três mísseis, se criminosos, deviam ter sido julgados e condenados. Os outros deviam ter sido deixados em paz. Que é o mesmo que dizer vivos. É por isso que não diferenciar, tratar pessoas a granel, é ser como a besta terrorista. Nicky Florentino.

Referência



O sistema judicial sueco já sentenciou o assassino da ministra. O sistema judicial português ainda não... Já, na Suécia. Ainda não, em Portugal. Como se constata, são várias, consoante a latitude, as ampulhetas que ordenam o ritmo, o compasso da(s) justiça(s). O tiquetaquear dos cronómetros justos é mais breve no frio nórdico, mais estugado e lasso no tempero mediterrâneo e seus arrabaldes atlânticos. Montesquieu e outros disseram o mesmo dos juízos. Segismundo.

Referência

2004-03-24


Na vida, é conveniente não aderir a muitos princípios. Um, porém, revela-se irrenunciável: em caso de desconhecimento, não devemos inventar.
O João Pedro escreveu ontem: “anteontem decorreu, com sucesso, uma operação militar israelita de eliminação de um líder militar inimigo. Morreram com ele palestinianos que se ofereceram como escudos humanos do homem, sabendo os riscos que corriam”. Como é evidente, não se sabe se os tais palestianos se ofereceram ou sequer se discerniam os riscos que corriam ao acompanhar ou ao estar próximos de Ahmed Yassin... O que se sabe é que o alvo era outro e que eles, os tais palestinianos, foram também assassinados ou feridos. Aconteceu. Provavelmente voltará a acontecer. C’est la (realpolitik de la) vie, quand’elle s’appelle mort. Nicky Florentino.

Referência



A polémica é esconsa. Matar alguém não é política. É assassínio. Seja quem for o assassinado. Seja quem for o assassino. É por isso que os crédulos, como álacres patetas, prenhes de urbanidade e civilização, esperam o castigo. Não a vingança. Mesmo se a vingança é o prato do dia. Segismundo.

Referência

2004-03-23


Assoma ao cérebro de alguém com juízo - como, por exemplo, um agente da PSP - julgar que uma shot-gun seja uma arma letal? Concerteza que não. A shot-gun só é uma arma letal nos filmes de hollywood. Ou no bairro da Bela Vista, em Setúbal. Plataformas e lugares de ficção. Segismundo.

Referência



Segundo a edição de hoje do Público, a senhora ministra da Ciência e do Ensino Superior assegurou que, no próximo ano lectivo, irão aumentar os numerus clausus referentes apenas a cursos da área da saúde e a alguns cursos de direito. E a alguns cursos de direito... Ninguém pergunte porquê. Pois não há resposta que se possa escorar em juízo. Segismundo.

Referência



Uns julgam que chegarão à paz pela via da morte. Os outros também. O motivo é simples e estético. O sofrimento de uns é o prazer dos outros. E vice-versa. Não há terceira opção. É esta a lógica da vida (deles). O Marquês.

Referência

2004-03-22


É comovente o ocioso amor do Rui por pinguins. Vale tudo. Ou assestar-lhes como uma cachaporra, como quem os manda pelo iceberg além. Ou arremessá-los em altura, contra paredes de gelo, onde estão postigadas umas morsas colaboradoras. Ou bombardeá-los com cubos de gelo. Segismundo.

Referência



Líder espiritual... é como chamavam a Ahmed Yassin. Foi um equívoco. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-21


Alguém do BE falou em «eixo da mentira». Como antes alguém falou em «eixo do mal». Mas tempos houve em que bastava dizer-se Eixo. Nicky Florentino.

Referência



A edição de hoje do Público concede atenção à fome que aflige um número significativo de portugueses. Tal fenómeno não é novidade, sequer é uma descoberta extraordinária. Porém, perante a sua desvelação jornalística, é provável que a generalidade dos apáticos gentios e umas quantas luminárias irão experimentar alguma inquietude. O domingo, dia de ir à missa, é o dia ideal para o ressentimento auto-recriminante. É um sentimento fácil e catártico. Pelo que lá para meados da semana, senão antes, já ninguém terá presente que a miséria habita tão próximo. Segismundo.

Referência

2004-03-19


A disposição a negociar indicia o quê? Uma vitória dos mansos?, que julgam que os maus se domesticam com conversas. Ou uma vitória dos maus?, que, por mera maldade, pretendem apenas atormentar os mansos e não, jamais, negociar com eles. Segismundo.

Referência

2004-03-18


Disse o senhor dr. Mário Soares a propósito das bestas terroristas, "é preciso conhecer o inimigo, é preciso saber as suas razões". Pois assim torna-se mais antropológica - outros dirão humanista - a sua liquidação. Segismundo.

Referência

2004-03-17


Dois anos de governação pela mesma trupe moinante tende a parecer uma eternidade. Mas não é uma eternidade. Dois anos são um tempo curto. E todo e qualquer governo, se se quiser que não seja um mero epifenómeno, necessita de tempo, um tempo mais extenso do que os dois anos. Para além disso, só com tempo a raiva fermenta o suficiente para, sem preocupação ou sentimento de culpa, os gentios se descartarem dos governantes, como uma mãe se descarta de uma fralda suja. É por isso que, no limite, a democracia é a ecologia política do eterno retorno. Com o tempo, volta-se quase sempre para um mal anterior, que já se esqueceu como mal e, reciclado, naquele instante parece um bem ou ou mal menor. Sendo seguro que, depois, com o tempo, se aprenderá que foi um erro. É sempre assim. E assim é que está bem. Nicky Florentino.

Referência



Os danados tendem a ser liberais old fashion. Os liberais old fahsion amam a vida, o lugar onde são livres. Por isso, perante ameaças, os liberais old fashion tendem a dizer, poderei morrer, mas morrerei livre. Livre também do medo. Pois só pela liberdade concedo morrer. Segismundo.

Referência

2004-03-16


Cheguei lá por via do Daniel. Na passada quinta-feira, depois dos infames atentados, o primeiro-ministro espanhol telefonou aos directores de vários meios de comunicação social de Madrid e de Barcelona. Ao director d'El Periódico, um jornal catalão, José María Aznar disse, "ha sido ETA, no tengas la menor duda". É sempre fraca a epistemologia da certeza. Acontece o mesmo com a mentira. Segismundo.

Referência



Cowboiada é uma criatura metida em presidente da mesa da Assembleia Municipal julgar que pode fazer o que lhe dá na real gana, designadamente ser incompetente. Porém, não, não pode. A puta da lei não lhe confere esse direito. Nicky Florentino.

Referência



O facto de o senhor presidente do PSD, em tonto excesso, ter declarado ir estar ao lado de Mariano Rajoy – que estimava vir a ser o futuro primeiro-ministro espanhol – não é motivo para inquietude. Como é sabido, o senhor dr. Durão Barroso também já esteve ao lado da mobília do Conselho Directivo da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e foi o que foi. A diplomacia é mesmo assim. Um ofício onde há sempre laterais para preencher. Nicky Florentino.

Referência



Diz ela, por esta ordem ou por qualquer outra, não gostas de mim, tratas-me mal, não queres saber de mim. O amor é o maior dos equívocos, pensa ele. Mas não desiste. O que é de doer é para doer. O Marquês.

Referência

2004-03-15


Uma boa ideia, sempre, é ser do contra, qualquer que seja a música. Segismundo.

Referência



É por a liberdade não nos permitir cumprir algumas sentenças que jamais devemos dizer nunca. Segismundo.

Referência



Tanto pode ser lua de mel quanto pode ser divórcio. Ninguém sabe. Provavelmente nem eles mesmos, os que pretendiam casar. Seja como for, o fim é importante em todas as coisas. Inclusive no desejo. Segismundo.

Referência



O José reproduziu hoje uma das mais simpáticas ilusões políticas, "em democracia, o povo é quem mais ordena". Mas não, o povo não é quem mais ordena. Em democracia, como em qualquer outra modelação política, os poderes é que mais ordenam. E acontece que em algumas circustâncias o povo tem poder, não tanto como escrutinador do futuro, mas como sancionador do passado. O que, convenhamos, no limite, faz com que a faculdade do povo seja mais a influência do que o poder. Ainda bem que assim é. Para bem da própria democracia. Nicky Florentino.

Referência



O exercício poético chama-se broadcast decency enforcement act. É isto, a capacidade de explorar e aproveitar as suas próprias misérias, que faz os EstadosUnidosdaAmérica um paradigma. Por lá, ao mesmo tempo que se exploram os limites da liberdade de expressão aumenta-se a receita do orçamento federal. É o chamado preço da liberdade. Segismundo.

Referência

2004-03-14


Há uma diferença. Spanish bombs não soa como Spanish eyes. Rajoy aprendeu-o dolorosamente. Zapatero há-de aprendê-lo. Segismundo.

Referência



Saber que o senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva não será candidato a senhor presidente da República é bom e é mau. É bom porque não é necessário ele ser candidato e, menos ainda, senhor presidente da República. É mau porque outros, como ele ou piores do que ele, julgam que são necessários, não o sendo. Pelo que o desejável, agora, é que os gentios se dispensem de um senhor presidente da República. Seria o melhor para todos. Até porque há problemas que se resolvem assim, abdicando-se originalmente deles. Nicky Florentino.

Referência



Postas as coisas como as pôs, por não haver “circunstâncias especiais, ligadas ao futuro do país”, o senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva não será candidato a senhor presidente da República. A não ser, claro está, que comece a ouvir vozes... que por ele (re)clamem. Só nessas circunstâncias o despojo agora revelado será endoçado às malvas. É como se Cristo descesse ao chão da Terra. O filme é sempre o mesmo. E as personagens nunca são muito diferentes. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-13


O Papa recebeu o senhor presidente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. A audiência durou aproximadamente dez minutos. E o dito fulano diz que foi "uma benção única e extraordinária". É porque há outras bençãos. Segismundo.

Referência



Em entrevista estampada na edição de hoje do Expresso, disse o senhor dr. Nuno Morais Sarmento, "o PSD tem uma grande capacidade de adaptação, não tem prisão ideológica". Porém, a carestia é mais de ideologia do que de cárcere. Nicky Florentino.

Referência



Se nesta pátria o senhor dr. Nuno Morais Sarmento consegue ser senhor ministro, por que é que o senhor dr. Pedro Santana Lopes não há-de conseguir ser senhor presidente da República? Nicky Florentino.

Referência



O Miguel nem vê elefantes nem vê focas. O André vê ursos. É de confiar mais no André do que no Miguel. Pois é de confiar sempre em quem vê alguma coisa. Mesmo que seja outra natureza. Segismundo.

Referência

2004-03-12


Ela aproximou-se. Tentou meter conversa sobre o último celulóide de Mel Gibson. Ele, solicito, disse conversemos sobre isso no Tavares. Pagas tu o jantar, condicionou ele. Perante isto, assomou-a uma qualquer necessidade. Afastou-se por instantes. Falou com alguém. Depois partiu. Não voltou. Foi ela, sofrida, quem evitou o diálogo que ele não pretendia. O Marquês.

Referência



O senhor dr. Pedro Santana Lopes terá sido recebido hoje pelo sumo pontífice da madre e santa Igreja católica, apostólica e romana não por ser o senhor dr. Pedro Santana Lopes, o senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa ou um putativo candidato a senhor presidente da República. Foi recebido tão só por ser o presidente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa. É isto, enganar o porteiro, uma das misérias em política. Nicky Florentino.

Referência



Quilómetro sessenta e dois da Áum, sentido Norte-Sul, quase dezassete horas. Está um carro encostado na faixa de segurança com os quatro piscas ligados. Perto, um fulano, a segurar com a mão direita o pudendo apêndice - supostamente arregaçado -, vertia-se sobre as ervas daninhas da berma. Ao mesmo tempo, com a mão esquerda aconchegava um telemóvel junto ao ouvido, através do qual mantinha um diálogo com alguém. Um cenário de autêntica urgência. Via-se nas mãos do homem. Segismundo.

Referência



Hijos de puta!, sea quien sea. Mas é importante saber distinguir as bestas, mesmo que mais não sejam do que bestas, em avulso ou a granel. Aliás, quem não diferencia são justamente as bestas. Pelo que pelo menos essa diferença deve ser prosseguida por quem não que ser uma besta. Segismundo.

Referência



De entre todos os morbos do espírito, o pior é a compaixão mansa e piegas. O editorial estampado na página quinze da edição de hoje do Público é uma prova disso mesmo. Hoje, ser intransigentemente pela paz e pela liberdade, não nos faz, nem deve fazer, ser espanhóis. Há diferenças que não se diluem. Seja na dor. Seja na glória. Eles são eles. Nós somos nós. Mesmo se o que nos diferencia mais não é do que a ilusão da diferença. Aliás, só preservando a diferença é que alguém pode ser solidário com o outro e perceber o outro também como uma forma de si-mesmo. É daí, da diferença, da comunhão, e não da identidade, do bloco unitário, que promana o contrário do terrorismo. Segismundo.

Referência

2004-03-11


O José apanhou-os, aos do BE, em flagrante delito. É isso que o faz um danado. Sempre alerta. Nicky Florentino.

Referência



Os órgãos do município de Matosinhos investiram em publicidade mórbida. Alguém, lá dos meandros, julgou que os gentios deste país necessitavam saber que faleceu o pai do senhor Narciso Miranda. Mas não, não necessitavam. Essa é uma necessidade inventada pela propaganda. Nicky Florentino.

Referência



O asco em relação às vivências partidárias revelado pelo senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva ainda hoje ecoa. Mas ninguém quer saber desse assunto. A começar por ele mesmo. O que não é indício de juízo. É somente revelação de uma sensibilidade, de um nojo particular. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-10


A culpa não é passível de expiação ou de delegação. Por isso, a hipótese do perdão é um convite à irresponsabilidade ou à hipocrisia. Porque jamais se dilui, só o esquecimento, e não a paixão, redime a culpa. Qualquer criatura que julgue diverso disto morre em vão. Como o filho do carpinteiro. O Marquês.

Referência



O senhor dr. Tavares Moreira disse na TelefoniaSemFios que, em dois mil e três, o Governo andou a poupar para poder investir no futuro. Por instantes os crédulos gentios terão esboçado um sorriso. Mas depois, quando o raro juízo lhes assentou na cabeça, as respectivas faces desmaiaram até ao tom icterícia. Perceberam, os desgraçados, que ninguém poupa o que não tem. A aritmética da miséria não funciona assim. Nicky Florentino.

Referência



Há um desacordo ou um diferendo entre a aba esquerda e a aba direita do espectro político luso no que concerne à forma como deve ser feita a celebração do trigésimo aniversário do vinte e cinco de Abril. Não sei se a coisa é motivo para grande disputa. O que é importante, verdadeiramente importante, é que se continue a discutir, em regime de urgência e permanência, quem é que serão os candidatos a senhor presidente da República. O mais, tudo o mais, é cerimónia que não interessa puto. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-09


Às vezes, o mundo surge-me demasiado ordenado, como se fosse uma narrativa exemplar. Esse facto inquieta-me. Pois não acredito em lugares onde não acontece a fúria, o desprezo, a ofensa, o nojo, a inveja, o engano, a mentira, a miséria sob qualquer uma das suas doces formas. O meu deus é o da perturbação, do distúrbio, do jogo onde não há exemplo. O meu deus é o da batota, não o deus que (con)vence. O meu deus é o que perde. O meu deus é uma ficção. Como eu. Como o mundo demasiado ordenado que me inquieta. Por isso, como se fosse simples, agora vou morrer. Talvez, assim, este mundo acabe. Segismundo.

Referência



Chamou o senhor dr. Mário Soares «epígono conjuntural» ao senhor dr. Paulo Portas. Isto há-de significar alguma coisa. Mas o quê? Está mais para Torquemada? Ou está mais para Savonarola? Nicky Florentino.

Referência



Disse o senhor dr. Francisco Assis, em entrevista estampada na edição de hoje do Público, "na altura própria serei candidato a uma autarquia e, se vencer, terei de abandonar o Parlamento Europeu. Esse foi o compromisso claro que assumi". Compromisso claro... Tão claro quanto o breu. Nicky Florentino.

Referência



Na quaresma é um prazer redobrado comer carne. Morta ou viva. O Marquês.

Referência

2004-03-08


Pelas católicas ideias que estampou na edição de hoje do Diário de Notícias, o Prof. Doutor João César das Neves merecia ter uma fotografia sua naquele elenco de cromos pândegos que os inspectores da Polícia Judiciária exibiram às vítimas do caso-escândalo da Casa Pia. Segismundo.

Referência

2004-03-07


Havendo quem no cerco do senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa julgue que Machado de Assis ainda paira entre os vivos, não espanta que o executivo municipal da capital tenha decidido comprar um hotel diferente do pretendido para instalar a casa de Eça de Queiroz. O erro é humano. Hotel Bragança é quase o mesmo que Hotel Braganza. E isso de n’Os Maias se referir este e não aquele é um mero pormenor. A história também se (re)inventa. Não custa nada admitir que foi no hotel da rua do Alecrim, e não no outro – da rua Vítor Cordon –, que esteve instalado um tal Eça de Queiroz. Por agora, é mais económico. E ninguém tem de ser assim tão leal ao espírito e às manias dos mortos. Aliás, Chopin, por exemplo, podia muito bem ter composto uns quantos concertos para violino. Segismundo.

Referência



Compreende-se que o senhor dr. Paulo Portas pretenda dialogar, à velha maneira, com o senhor dr. Mário Soares. Os pequenotes quanto querem crescer desafiam os maiores. O que não se compreende, por não ser de compreender, é que o senhor dr. Mário Soares se disponha a tagarelar, à velha maneira, com o senhor dr. Paulo Portas. Aliás, nem um nem outro necessitam desse diálogo. Pois cada um tem o tamanho político ajustado. Um é velho, o outro é novo. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-06


O Expresso, na fronha da edição de hoje, noticia que a Ibéria já é uma realidade. Na prática, pelo que se lê, por via do jogo das exportações e das importações, o mercado encontrou Portugal com Espanha. Porém, o encontro entre os dois países parece ter atingido uma intensidade tal que os nuestros hermanos, sabe-se lá se cavilosamente, apropriaram-se de São Francisco Xavier, como antes fizeram com José Saramago e Luís Figo. O que quer dizer que, por esta tendência, acabará por ficar em Portugal apenas o que é genuinamente português (e mau). Ou seja, o Expresso do senhor arq.º e sus muchachos. Segismundo.

Referência



Segundo a edição de hoje do Diário de Notícias, o senhor dr. Pedro Santana Lopes será recebido no próximo dia doze, em audiência particular, pelo Papa. Como é estranho o périplo de candidatura a senhor presidente da República do fulano... Não mergulha no Tejo, mas vai ao Vaticano ser ungido. A paródia é a mesma. O líquido que lhe escorrerá na testa é que será diferente. Nicky Florentino.

Referência



Noventa e um ponto seis, éfeémestéreo, sintonia de Lisboa, foi uma voxx que lhe deu. Não se pode ser urbano em Portugal a não ser por via do silêncio. Segismundo.

Referência

2004-03-05


Escreveu o Ivan, em comentário a uma aposta do Rui, que "o Boaventura Sousa Santos partilha a mesma ideologia hiper-democrática das redes do [Manuel] Castells mas tem mais coisas para dizer". Talvez que tenha mais coisas para dizer... mas merecerão elas ser ouvidas? Segismundo.

Referência

2004-03-04


... menina ou menino com deficiência física ou mental não entra. A Câmara Municipal de Lisboa apoia. Ou melhor, apoiou. É este o final feliz dessa história triste. Segismundo.

Referência




O Marquês.

Referência

2004-03-03


Os assanhados pro ou contra a despenalização do aborto não são bons conselheiros. Agitam demais a própria convicção para conseguirem seduzir quem não os acompanha. São fauna perigosa e triste, afogada no tamanho da sua certeza. Crêem tanto no respectivo credo que são incapazes de compreender as opções e as posições dos outros. É por isso que neste carnaval não há inocentes. Apenas abortos. Segismundo.

Referência



Não é novidade ou surpresa, ele há deputados sem o mínimo sentido de honra ou sem consciência sobre a qual algo possa pesar. Em relação ao aborto, hoje uns quantos votam de um modo embora já saibam que amanhã votarão de modo diferente. Ou seja, hoje recusam-se a resolver um problema pelo simples gozo de o poderem resolver amanhã. O oposto, pois claro, da lógica abortiva. Mas não muito diferente da mecânica de um catavento. É por isso, por sequer saberem respeitar-se a si mesmos, que não devemos confiar nos deputados. Nicky Florentino.

Referência



O senhor Avelino Ferreira Torres sentou-se esta manhã num trono, que lhe parecia improvável, chamado banco dos réus. Consta que a criatura, quando se senta nele, lhe assenta bem. Nicky Florentino.

Referência

2004-03-02


Estranha forma de morte, estoutra. Segismundo.

Referência



Blasfémia é um nome que engana. A formiga de Langton é um nome que não engana. E à diferença chama-se ciência. Segismundo.

Referência



Em Portugal, qual é a idade da imputabilidade política? Depois dos dezoito anos?, quando o siso já permite discernir que não é ajuizada, sob qualquer pretexto, a apropriação da mobília do Conselho Directivo da faculdade onde se estuda. Ou depois dos dezanove?, quando já não se é adepto da posição Simone Weil em relação ao aborto. Segismundo.

Referência



Segundo a edição de hoje do Diário de Notícias, muitos da trupe socialista reclamam a candidatura do senhor eng.º António Guterres a presidente da República. Subsiste, contudo, uma dúvida. Tal reclamação decorre do perdão ou do desespero? Nicky Florentino.

Referência

2004-03-01


Como é evidente, Força Portugal não se confunde com Forza Portogallo. Porém, o senhor dr. Miguel Portas entende que sim. Não por bem. Mas por mal(dade). Nicky Florentino.

Referência



Troa-me na memória. No debate parlamentar ocorrido na pretérita sexta-feira, o senhor primeiro-ministro disse que achava simpáticas as senhoras deputadas do PEV. Depois, o senhor primeiro-ministro também disse que achava simpática a senhora deputada Elisa Ferreira, do PS. Ora, num debate parlamentar, dizer que se acha simpáticas determinadas fulanas não é fazer política. É transformar a Assembleia da República num salão de baile. E perguntar, em tom grave, pindérico e patriarcal, a menina dança? Nicky Florentino.

Referência

2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).