Dois anos de governação pela mesma trupe moinante tende a parecer uma eternidade. Mas não é uma eternidade. Dois anos são um tempo curto. E todo e qualquer governo, se se quiser que não seja um mero epifenómeno, necessita de tempo, um tempo mais extenso do que os dois anos. Para além disso, só com tempo a raiva fermenta o suficiente para, sem preocupação ou sentimento de culpa, os gentios se descartarem dos governantes, como uma mãe se descarta de uma fralda suja. É por isso que, no limite, a democracia é a ecologia política do eterno retorno. Com o tempo, volta-se quase sempre para um mal anterior, que já se esqueceu como mal e, reciclado, naquele instante parece um bem ou ou mal menor. Sendo seguro que, depois, com o tempo, se aprenderá que foi um erro. É sempre assim. E assim é que está bem. Nicky Florentino.