Atordoado com o desassisado hino à glória do clitóris, hino lavrado pela cristã pena do senhor Prof. Doutor João César das Neves e estampado na edição de hoje do Diário de Notícias, assomou-me um suspiro do conde de Lautréamont, assim vergado em palavras,
“Vi os homens cansarem os moralistas para lhes descobrirem o coração, fazerem derramar sobre eles a benção do alto. Emitiam meditações tão lestas quanto possível, alegravam o autor das nossas felicidades. Respeitavam a infância, a velhice, o que respira como o que não respira, prestavam homenagem à mulher, consagravam ao pudor as partes que o corpo evita nomear. O firmamento, cuja beleza admito, a terra, imagem do meu coração, por mim foram invocados para que me designassem um homem que não se julgasse bom. O espectáculo desse monstro, se se tivesse realizado, não me teria feito morrer de espanto: morre-se por mais. Tudo isto dispensa comentários”.
Ponto final. O Marquês.