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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2006-06-30


Paralelos a há faena e fanecas no hectare, xiii. And now for something completely different, nenhuma selecção teutónica é como a do Carlos. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no hectare, xxiii. Os alemães, porque venceram na marcação de pontapés da marca de grande penalidade - o futebol também tem as suas expressões estúpidas -, foram o futebol ao contrário. Os argentinos, porque perderam, também. Conde Isidoro.
imagem © Roberto Schmidt / AFP

Referência



Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, xlvi. Dial M for Murder. Segismundo.

Referência



He’s back O Carlos ainda é ele. Segismundo.

Referência



Lá em cima está o tiroliroliro, cá em baixo está o tiroliroló, olarilolé. O corpo contende. O juízo resiste. A equação é perfeita ou quase. Conquanto o corpo contenda e o juízo resista, consegue-se a animação decorrente da oscilação entre a agência e a paciência, tudo condensado numa criatura só. É uma maravilha. O problema, em mais do que mero enunciado, é quando o juízo é tão ralo que não tem capacidade de suster os embates do corpo. É que marrar contra o comboio é sempre a perder. Segismundo.

Referência

2006-06-29


Os calceteiros são nossos amigos. O senhor dr. Fernando Ruas tem razão. Há muito tempo que a lapidação é um modo civilizado e justo de resolver contendas. Porque ninguém sabe quem foi que arremessou o primeiro calhau, o melhor é continuar a mandar pedras. Tiros com pressão de ar a curta distância também servem. Nicky Florentino.

Referência



Há faena e fanecas no alguidar, xii. Costinha disse que, após a expulsão na partida contra os holandeses, ter-se-ia enfiado num buraquito se acaso, por ali, houvesse um próximo de si. Em suma, a sua caixa craniana, que foi um buraco no instante em que ele meteu a mão à bola, voltou subitamente a estar preenchida e o desgraçado já não tinha onde se enfiar. Conde Isidoro.

Referência



Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, xlv. Barbed Wire Kisses. Segismundo.

Referência



Responsabilidade civil. Do mundo, deus não é mais fautor ou testemunha do que um cão ou uma mangueira. Segismundo.

Referência



Das nove vidas para o fim, v. Há uma certa eternidade vital que não justifica a urgência que existe em cada um de nós. Na prática, é-se vertigem em enredo lento e solidário. A autofagia é o nosso sentido. A dromocracia é o nosso regime. A natureza - seja a ante-diluviana, seja a em versão matrix - é o que nos sobrevive e resiste, assim demorando, em ritmo, para além de nós. Segismundo.

Referência

2006-06-28


Página do livro das interrogações, xv O que é o tempo?, demora? ou atraso? Segismundo.

Referência



Voxtrot. Há-lhe dentro um horto de vozes e nenhuma é a voz da sua consciência. Segismundo.

Referência

2006-06-27


Há faena e fanecas no hectare, xxii. No hectare, o Zinédine é, com propriedade, um senhor, a personificação da elegância, não um iogurte com o prazo de validade para consumo esgotado. Conde Isidoro.
imagem © Felix Ordonez / Reuters

Referência



Há faena e fanecas no hectare, xxi. Aos cinco minutos de uma partida de futebol até o Obélix dança e jinga. Conde Isidoro.
imagem © Michael Sohn / AP Photo

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Há faena e fanecas no hectare, xx. A ficção italiana, sempre a ficção italiana, e o neo-realismo arbitral. Conde Isidoro.
imagem © AFP

Referência



Paralelos a há faena e fanecas no hectare, xii. Futebol que é futebol é a expressão da ideia mais pelos pés do que pela cabeça. Conde Isidoro.

Referência



À septingentésima quinta de mais de mil noites. Já estava o jovem sultão no território das três ilhas, na demanda da sétima mulher de diamante, mais bela do que qualquer outras das seis que havia no seu palácio, quando informou o ancião local do seu deleite em colher as primícias das raparigas, apregoando-se competente nessa manobra específica. Então o ancião desafiou-o a, sem tocar, sem meter a mão ou o que quer que fosse na carne delas, sem as despir, identificar a integridade das raparigas. O jovem sultão escolheu o olfacto para conseguir tal intento, perceber se uma moça estava intacta ou não. O ancião, no entanto, alertou-o, a virgindade não tem cheiro. Ele teria que olhá-las, mas olhá-las de modo diferente. Segismundo.

Referência

2006-06-26


três é menos do que trintaetrês

Referência

2006-06-25


Paralelos a há faena e fanecas no hectare, xi. Em Nürnberg, o repórter tenta entrevistar - desculpem lá o eufemismo - duas moças de Marco de Canavezes. Pouco atrás, metendo a cabeça, uma criatura qualquer insiste em berrar gajas boas é em Ermesinde. Fora ou em casa, os portugueses ao domingo à noite são assim. Conde Isidoro.

Referência



Paralelos a há faena e fanecas no hectare, x. Ordas e ordas de gentios, aos berros, aos guinchos, a urrar e a abusar do claxon. Entre eles há dois tipos que comovem mais do que os outros. Os que utilizam a bandeira atada à cabeça, como se fosse uma fralda - é provável que isto não seja uma comparação. E os que agitam a bandeira ao contrário. Não, não é do avesso. É mesmo virada de cima para baixo. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no alguidar, xi. Where is my mind?, parece perguntar o desgraçado. Porque o juízo não parece estar nos seus dedos. É pena apenas poder imaginar o que Jorge Perestrelo lhe terá chamado. Conde Isidoro.
imagem © Kevork Djansenzian / AP Photo

Referência



Há faena e fanecas no alguidar, x. Humberto Coelho é um comentador de futebol extraordinário. Consegue dizer coisas como estas: a propósito do golo, Maniche entra bem por trás; a propósito da primeira cachaporra que o Costinha deu num holandês, que o virou do avesso, Costinha entrou atrasado; a propósito de um remate de Pauleta, golo falhado, mas foi bem jogado; a propósito de alguém caído no terreno, suspeito que um holandês, está lesionado, mas aquilo não é nada. Aqui só entre nós, há açaimes para gente? Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no hectare, xix. Os holandeses conseguiram irritar a rapaziada. Mereceram perder. Sem glória. Dirk Kuyt foi um passarinho. van Persie e Heitinga foram uns frouxos, embora este último esteja para cavalheiro da bola como o Shrek está para o menino Jesus. Apenas aquele remate de Cocu à barra assustou. Registado isto, vamos ao que interessa. O árbitro foi mau, péssimo. É verdade. Devia ter expulso Khalid Boulahhrouz quando, à cão, deu uma patada na coxa direita de Cristiano Ronaldo. Devia ter expulso o Nuno Valente quando, não menos à cão, deu uma patada no peito de Robben. Devia ter expulso o Costinha antes de lhe ter mostrado o segundo cartão amarelo. Devia ter expulso o Deco quando, à cão, retaliando a esperteza de luterano saloio do holandês que demonstrou ter um défice de fairplay maior do que o touro que matou o cavalo ruço que se chamava Jingão - sim, sim, o Heitinga -, lhe mostrou o primeiro cartão amarelo. Suspeito ainda que devia ter expulso o Figo, se, de facto, enfiou uma cabeçada em Mark van Bommel e aquilo não foi fita manhosa do sacana do holandês. Dos holandeses, para poupar nos impropérios, nada acrescento. Quanto a Scolari, grande senhor, sim senhor. Para começar a equipa do costume. Por sorte o Costinha foi expulso. Só assim foi possível sanear Pauleta, gajo com pouco mais mobilidade do que uma anta. Corrijo, com pouco mais animação do que um cromeleque inteiro. Entrou o Petit, que levou umas porradas, e ainda bem - só lhe fazem bem -, para enrijar o carácter. Valeram ainda o Deco, o Maniche e o Figo. O Ricardo Carvalho também, mas menos do que os outros. O Tiago comportou-se como uma autêntica boneca a pilhas naquele face-a-face com van Der Sar, quando estava a ser acossado por um outro holandês qualquer. Tornando ao motivo, os holandeses, cambada de mariazinhas a jogar à ervilha, tiveram o que mereceram. Conde Isidoro.
imagem © AFP

Referência

2006-06-24


Há faena e fanecas no hectare, xviii. Esta imagem é a suspensão de um instante após aquele assomo divino que aconteceu a Maxi Rodríguez, moço de la Fiera, a albiceleste. O Tibi do caso, o guarda-redes d’el Tri(color), é o que está prostado. Conde Isidoro.
imagem © Roberto Pfeil / AP Photo

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O livro dos casos silvestres


iii. O capítulo das papoilas

Sem qualquer indício que permitisse prever o caso, o naipe de espadas e o naipe de copas começaram a lutar entre si no salão de baile. Por ter sido grande o entusiasmo investido no combate, resultou que algumas das cartas foram mortas e, consequentemente, retiradas do baralho. Naquele momento, porque não gostava de guerras, Alice decidiu regressar. Saiu do salão sem que ninguém a visse e correu.
Durante a fuga, antes da colina, deteve-se apenas por um instante. Alice queria despedir-se das flores que conhecera antes e com quem conversara, mas, aflita, desejosa de sair dali, não conseguia descobrir onde estava agora o seu jardim. Desviou a corrida, no sentido da colina, por saber que era do outro lado que estava a casa com o espelho que necessitava de atravessar para consumar o seu regresso. E continuou em passo acelerado. Viu veados.
Quando passou o topo da colina e começou a descer, Alice espantou-se com o campo de papoilas que se revelou diante de si. Eram papoilas enormes, muitas da altura dela. Recomposta do espanto e recobrado algum do seu fôlego, Alice tentou dialogar com as flores. Nenhuma respondeu. Aquelas papoilas não eram como as flores do jardim. As flores do jardim eram cultivadas, cuidadas por mãos e ofícios de jardineiro, e sabiam falar. Aquelas papoilas eram flores silvestres, selvagens, e não falavam.
Com o fôlego ainda fraco, Alice avançou a passo no sentido da casa que já vislumbrava, continuando a deslumbrar-se com as flores e o seu tamanho. Ultrapassado o extenso campo das papoilas, quando começou a pisar o chão de seixo pequeno que antecipava a porta da casa, Alice parou novamente. Decidiu colher uma daquelas papoilas gigantes e levá-la para o outro lado, para a mostrar a quem lhe queria bem e de quem sentia tanta falta. Assim fez. E seguiu.
Depois de entrar na casa, Alice aproximou-se do espelho. Este, com sono, começou a bocejar. Alice sorriu. Nunca tinha visto um espelho a fazer como os gatos, acabados de sair do torpor da preguiça. Por instantes, a imagem do seu reflexo distorceu-se, o que lhe pareceu ser a antecipação da névoa que lhe permitiria atravessar para o outro lado. Por isso deu mais dois passos. Porém, quando se preparava para dar o terceiro passo, Alice foi obrigada a deter-se.
Depois do bocejo, o espelho adormecera profundamente, desequilibrara-se e tombara sobre o chão, estilhaçando-se. Através daqueles estilhaços Alice não podia regressar. Nenhum dos pedaços era suficientemente grande para ela poder passar para o outro lado. Pelo que ficou fechada no lado de lá.
Entretanto, antes que pudesse começar a preocupar-se, Alice apercebeu-se que os veados que vira antes haviam entrado também na casa. Famintos, foram conduzidos ali pelo seu olfacto. Cheirava-lhes a carne fresca, de menina. Comeram-na e comeram também a papoila. Eliz B.

Referência

2006-06-23


Ó Kirsty!, ou vais aos cangurus como quem vai aos gambuzinos ou vais caladinha para a cozinha. As mulheres são mulheres. O que isso significa, apesar de toda a evidência fandanga, não se sabe ao certo. Mulheres há muitas. Sucede o mesmo com os homens. Mas à superfície de muitos ainda bolsa com facilidade a testosterona. Mesmo se Timor é muito lá para o fim do mundo e não se sabe bem o que raio por lá se está a passar, a Susana apanhou um, por aqui, em flagrante acesso macho. Ou seja, eles andam aí. Andam sempre. Nicky Florentino.

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Há faena e fanecas no hectare, xvii. Amanhã começa o fim do mundo. A esse começo chamam oitavos de final. Está tudo em aberto, o que está em aberto. Nos quartos de final vai haver ou suíços ou ucranianos. Que raça certa é o maior dos mistérios do momento. Conde Isidoro.

Referência



The McQueen is dead. O outro, é o Steve McQueen. Ele, o Steve McQueen?, de certeza? O outro, sim, o Steve McQueen. Ele, mas qual?, o do Mustang? ou o dos Prefab Sprout? O outro, olha!, o do caralho. Segismundo.

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Lost in translation. Que se cite Tocqueville é como o outro. Que se cite Tocqueville em Inglês diz tudo. Se não diz, pelo menos faz lembrar o senhor Prof. Doutor Sword. Segismundo.

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Gillette no país das maravilhas. Quem quiser conhecer um homem pergunte-lhe que tipo de lâminas de barbear usa. A resposta não revela tudo. Mas indicia muito. Cá neste tugúrio, somos pela navalha. À cowboy em campanha. Segismundo.

Referência



Corpo contra corpo. Sob a trama social é o lastro, lastro social também. Aí cada qual e um é uma ferida e uma cicatriz, simultaneamente a amputação e um nexo dessa trama. Sair dela, por conseguinte, é sair de dentro, tanto do plateau quanto dos bastidores. Neste sentido, o dispositivo que cauciona a saída não é a consciência. É a mutilação. Porque sai-se pelo sangue, não pela sombra. Segismundo.

Referência

2006-06-22


Avatar por aí. O Bruno anda por estes chãos há três anos. Segismundo.

Referência



Página do livro das companhias, vi. Próximo, alguém triste é triste por dois motivos. Porque está triste e porque entristece. O que é válido a propósito da tristeza é também válido a propósito da miséria. Segismundo.

Referência



Obviamente. Se é óbvio, fique-se pelo óbvio. Segismundo.

Referência



Página do livro das estações, i. Há estação antes e há estação depois. O solstício é apenas um apeadeiro. Segismundo.

Referência

2006-06-21


Há faena e fanecas no alguidar, ix. Agora, como diz o comande Scolari, com os holandeses será uma partida mata-mata. Conde Isidoro.

Referência



Paralelos a há faena e fanecas no hectare, ix. Foi já tarde que descobri que Diego Armando rima com Jorge Luis. De túlipas, confesso a mariquice, sempre gostei. Desde o tempo em que Artur Jorge foi vencedor. Mas, para além disso, a sul há as Pampas. E há a Patagónia. Disso que deus nos livre. Pois apenas com o senhor Scolari e a sua santa senhora de Caravaggio não é provável que consigamos ir lá. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas do hectare, xvi. Na primeira parte os portugueses marcaram dois golos, os mexicanos marcaram apenas um. Quando o Simão Sabrosa marcou o penalty, atrás, uma gaja ganiu aguda, como uma cadela ciosa, e conseguiu virar uma cadeira. Depois, já noutro cerco - doméstico e não público -, veio a segunda parte e quase nada aconteceu. Até o tom da emoção mudou. E só quase acabada a partida, talvez na derradeira oportunidade para os portugueses, é que se ouviu, de outra, ai se a bola tem ido para o de Portugal. O de Portugal era a mariazinha chamada Nuno Gomes. Conde Isidoro.

Referência



Escala de fénix, ii. Não há cinzas de fantasmas. É por isso que são permanentes, eviternos - dispensados de ressuscitar, portanto - e sem plumas. Segismundo.

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2006-06-20


Há faena e fanecas no alguidar, viii. A propósito das sortes para os oitavos-de-final do campeonato do mundo de futebol, a criatura em senhor presidente desse engano federal chamado FederaçãoPortuguesadeFutebol, por o raio que o parta em três como prometia fazer a cabra cabrês, disse: “a Argentina seria um bom adversário para testarmos todo o nosso potencial”. Sim, a Argentina, as vacas da CowParade de Lisboa ou uma qualquer prelecção do preclaro senhor Prof. Doutor Espada. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no alguidar, vii. No futebol os suecos até podem ser coiso e tal. Todavia, deviam poder praticar apenas modalidades edificantes, tipo curling ou bobsleigh. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas do hectare, xv. Em termos futebolísticos, hoje o dia valeu sobretudo por aquele molho de cachopas as rumbar durante o intervalo da contenda entre alemães e equatorianos. Aliás, a segunda parte da partida era completamente dispensável. Bastava que o entusiasmo das moças se tivesse prolongado até perfazer os tais noventa minutos da praxe e a teelvisão mostrasse. Entre outros motivos, porque o futebol tédio é dispensável. Conde Isidoro.

Referência



Crónica de algo anunciado. Arrepia julgar que a consequência será a que será. Segismundo.

Referência



Males da condição humana. Livro do Eclesiastes, capítulo quatro, versículo cinco. “O insensato cruza as mãos e come a sua própria carne”. Assim também são algumas putas, embora a carne que comem não seja necessariamente a sua. Segismundo.

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Persistência da memória. Naquelas águas furtadas jamais se ouviu o feedback do regresso. Era isso o que mais lhe doía. O Marquês.

Referência

2006-06-19


Há faena e fanecas do hectare, xiv. Ontem coreano desde pequenino. Hoje quase tunisino desde pequenino. O resto é folclore. Conde Isidoro.

Referência



Lasciate ogne speranza, voi ch’intrate. À noite, na dois. Segismundo.

Referência



Diz que disse que Salomão disse, ii. Provérbios, capítulo catorze, versículo dezoito. “Os simples têm por herança a loucura e os prudentes a ciência por coroa”. Nada Salomão disse sobre a resistência ou o engano. Segismundo.

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2006-06-18


Há faena e fanecas do hectare, xiii. Também ontem os checos deram-se mal com a savana e com os ganeses tipo ebony Clyde. Evoé! Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no hectare, xii. Ontem os portugues venceram os iranianos. Mais três pontos. Disso, a vitória, quase não se fala. Fala-se da exibição, do golo do Deco, do sorriso de puto do Cristiano Ronaldo depois de marcar o penalty, fala-se do Figo, do Costinha. Porque é isto, a boa figura e o contentamento dos magnânimos, que interessa. Conde Isidoro.

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Regimes. Matou Kundera várias vezes e sempre esse cadáver ressuscitou entre os seus dedos, quando tornava a folhear um livro da autoria do morto. Com Rushdie o caso é diferente. Quase sempre o tomou de modo simpático, embora uma vez o tenha abandonado, vivo, para morrer. De Auster não fala. É segredo. Segismundo.

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2006-06-17


Das nove vidas para o fim, iv. Princípios já não há. Há apenas fins ou voltas. Segismundo.

Referência



O livro dos casos silvestres


i. O capítulo das azedas

Levado em périplos fantásticos, Samuel já conhecera lugares habitados por gente minúscula, por gigantes, por cavalos que falavam e por yahoos. Conhecera também os chãos das Índias do lado do levante, os estranhos costumes e modos dos habitantes daí e as criaturas exóticas da fauna autóctone. Mas, correspondendo ao seu anseio indómito, uma vez mais ele decidiu aventurar-se pelos mares, prometendo, no entanto, antes que levantasse a âncora, que aquela seria a sua última viagem. Depois do regresso, abdicaria do perfume da gávea e recolher-se-ia na sua eira. Esta foi, à partida, a intenção que manifestou.
Não muitos dias havia de mareio - treze eram esses dias - quando desapareceram do camarote de Samuel todos os instrumentos de orientação da navegação, incluindo a carta de mares e o sextante. Foi sob essas condições que, no dia seguinte, a tripulação teve que enfrentar uma procela. Vagas enormes abateram-se violentamente sobre ambos os bordos do navio. As madeiras cederam, como se fossem ripas. O mastro tombou, cerce, sob a inclemência da água e das rajadas de vento. O barco soçobrou, sem ter havido tempo para arrear os batéis. Aconteceu o naufrágio, em mar cavado, animado por fúrias que alguém jamais testemunhou.
Sendo incógnita a rota que seguiam, por presumirem-se longe de qualquer beira de terra, todos admitiram o fim. Com a excepção de Samuel, resgatado pela fortuna de uma corrente que o entregou a uma ilha, todos os demais elementos da tripulação, desde o mais inocente mancebo até ao irascível cabo, pereceram por afogamento, ficando, sem mortalha, naquele vasto túmulo marítimo.
Empurrado pelas ondas, o corpo de Samuel enrolou-se na areia do bojo setentrional da tal ilha. Após algum tempo, ele recuperou a consciência e, fraco, arrastou-se para além do alcance da rebentação, protegendo-se à sombra da única rocha que pontificava naquela praia. Passado o período de maior impiedade do sol, Samuel decidiu avançar para o interior da ilha, em busca de água e de algo que lhe servisse de alimento. Ultrapassado um anel de densa vegetação, deparou-se com uma clareira. Parecia um imenso tapete de flores amarelas. Ali não se ouvia qualquer animal. Era um silêncio ímpar, cortado apenas por sopros leves de vento que, ocasionalmente, por ali corriam e pelo murmurar aquoso, do jogo entre as pedras, de um riacho cristalino. O panorama diante de si era paradisíaco.
Ainda exausto, Samuel sentou-se no limite da clareira, tomando como respaldo uma árvore. Mastigou demoradamente o que colhera durante a caminhada até ali e que lhe pareceu ser um fruto, embora fosse amaro. Depois levantou-se e caminhou até à corrente de água, onde saciou a sede. Ligeiramente tonificado, mas ainda sem sentir o recobro, Samuel, de braços abertos, deixou-se cair naquele campo florido, como se estivesse a deitar-se num leito confortável. Foi então que, naquela posição e em estado de vigília, começou a ouvir um rumor. Ergueu a cabeça, fechou e tornou a abrir os olhos, sondou o redor, mas nada viu. Ao mesmo tempo que erguera a cabeça, o bazar de vozes pareceu-lhe dissipar-se. Tornou ao sossego. Pouco depois, voltou o tal murmúrio. Uma vez mais investigou, tentou verificar se havia ali mais alguém para além dele. Porém, nada, sequer um vulto, vislumbrou. Como antes, pareceu-lhe que, com o movimento de levantar e deitar a cabeça, o murmúrio tinha ido e voltado. Vergado pelo cansaço e embalado pela melopeia que resultava do sortido de pequenas e vagas vozes que ele ia escutando cada mais apagadas, o sono começou a triunfar-lhe. Adormeceu profundamente.
Quando acordou, pareceu-lhe observar em seu torno uma concentração de flores amarelas superior à que existia antes de ter adormecido. Na ocasião admitiu que essa sensação fosse ilusória. Nada lhe permitiu suspeitar que o motivo do caso fosse diferente de mera impressão. Sobre a ilha abatia-se o crepúsculo, mas o amarelo daquela clareira, vivicado, ainda resplandecia, como se fosse outro sol. Foi quando as flores recolheram as suas pétalas, como se as arregaçassem, abriram a boca e o começaram a morder. Dormente, Samuel não logrou escapar àquele florilégio que o mandibulava com ferocidade. Dele sobraram apenas os ossos, não as cartilagens, duros demais para os dentes daquelas flores pequenas. Eliz B.

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2006-06-16


As árvores da floresta são nossas amigas. Aprende-se com a Shyznogud. O senhor dr. António Costa, o fulano em senhor ministro de Estado e da Administração Interna, deveria saber que contra a canícula, melhor do que o raio dos canadairs, é o programa dos três éfes. Nicky Florentino.

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Há faena e fanecas no alguidar, vi. O senhor Scolari considera que vencer amanhã os iranianos por meio-zero será missão cumprida. Reparem, meio-zero. O problema é que futebol de fracções não é futebol. É outra merda qualquer. Conde Isidoro.

Referência



Paralelos a há faena e fanecas no hectare, viii. Há um problema no conceito da caderneta da Panini. Por que é que, por exemplo, Angola tem reservada apenas uma página, menos um jogador do que a maior parte das selecções e os cromos dos jogadores são à parelha e não individuais? Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no hectare, xi. Argentina é um caminho único. Seis vezes. Ainda bem que Pekerman não é Scolari. Porque sobre os três pontos interessa ainda a puta jogatana que permitiu o resultado, seis-zero. Conde Isidoro.

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Diz que disse que Salomão disse, i. Provérbios, capítulo cinco, versículos três e quatro. “Os lábios de uma mulher estranha destilam mel e a sua boca é mais suave que o azeite. Mas o seu fim é mais amargo que o absinto, agudo como a espada de dois gumes”. O que significa que todas as mulheres não conhecidas têm o seu quê de Deolinda. Isto Salomão não disse, mas poderia muito bem ter dito. Segismundo.

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2006-06-15


Valor de uso. © Banksy. Segismundo.

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Os feitos e os defeitos de Lazy González, viii. Era noite de lua cheia. Cansado de o ouvir elucubrar e perorar sobre uma criatura chamada chupa-gentes, Lazy González golpeou-o várias vezes e deixou-o a sangrar, no chão, como se fosse menos do que um cão. Ali esperou até à manhã seguinte, vigiado por testemunhas. Passada a aurora, longo ia o estertor do estúpido, Lazy González perguntou por acaso alguém viu passar por aqui o tal vampiro das trevas?, mas, todos cabisbaixos, ninguém respondeu. Finda a agonia do idiota, confirmado o seu cadáver, seguiram-se as exéquias. O Marquês.

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2006-06-14


Paralelos a há faena e fanecas no hectare, vii. Futebol não é apenas «vai buscar Tibi!», o golo. Esse elemento é relevante - em última instância porque é o factor diferenciador e que determina o resultado -, mas, às vezes, o golo tende a entorpecer a partida. É por isso que, enquanto seiva e néctar do futebol, o golo é algo que não deve acontecer com parcimónia ou com frugalidade. Mas na medida certa. Conde Isidoro.

Referência



Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, xliv. Touch of Evil. Segismundo.

Referência



Das nove vidas para o fim, iii. Porquê o engano? Porque o engano é um dispositivo de sobrevivência que protege alguém, seja de si-mesmo, seja de outros. Segismundo.

Referência



A estupidez acordada. Às vezes a madrugada transmuta-o. Eram várias as opções, elenco extenso. Ele optou por batatas fritas às rodelas, queijo da serra, cerejas e, porque não havia Sagres preta para beber, pão barrado com tulicreme, para ensopar. Segismundo.

Referência

2006-06-13


Há faena e fanecas no hectare, x. Futebol que é futebol é cueca fio dental, mostra mais. Esta noite, porém, o Brasil mostrou pouco. O Ronaldo, esse, pareceu um dólmen animado, com dinâmica de preguiça. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no hectare, ix. O primeiro zero-zero do torneio aconteceu entre gauleses e helvéticos. Cambada de connards. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no alguidar, v. O senhor Scolari chispou estupidez, pelo que parece que é necessário explicar. Perder uma partida de futebol é mau. M-A-U, éme, á, ú. Ganhar uma partida de futebol é bom. Bê, ó, éme. Mas ganhar uma partida de futebol com uma puta exibição é o que se quer. O senhor Scolari insiste em não perceber isto. Julga que o que interessa é apenas ganhar. Isso é na guerra. Julga que o que interessa são apenas os três pontos. Isso é o que qualquer amanuense diz quando, em operação de acerto contabilístico, tenta detectar o raio da diferença entre o deve e o haver. No futebol quer-se mais do que a satisfação pela masturbação. A masturbação desenrasca. Mas não é o mesmo que o serviço completo, com ajudante(s). Aliás, só os miseráveis é que dizem que afagar o pirilau, esgaramantear a laustríbia é suficiente. Porque é, se não se for capaz de mais. Conde Isidoro.

Referência



Há faena e fanecas no hectare, viii. Qual Karel Poborský, qual carapuça. Tomas Rosicky é que é. Conde Isidoro.

Referência



Meteorologia dos sentidos. Depois do ruído da crepitação da chuva, regressou o perfume da terra lavada. Segismundo.

Referência



Das nove vidas para o fim, ii. Regressar a Beckett é um modo de confirmar o chão onde se jaz, o corpo nosso de cada dia. Segismundo.

Referência

2006-06-12


Há faena e fanecas no hectare, vii. Tragédia, tragédia, como é bonito. Os australianos deram a volta aos nipónicos. Conde Isidoro.

Referência



Paralelos a há faena e fanecas no hectare, vi. Um torneio de futebol, como a fase final do campeonato do mundo, sem streakers é o mesmo que uma oficina de pneus sem um calendário da Pirelli. Conde Isidoro.

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Paralelos a há faena e fanecas no hectare, v. Futebol é mais memória do que palmarés ou resultado na tábua. Eu explico-me. Por exemplo, em milnovecentoseoitentaedois a Itália venceu o campeonato do mundo de futebol. Que se foda. Isso é um pormenor da história que convém reservar apenas como anamnese. Porque o que interessa é a recordação de Falcão, Sócrates, Júnior, Eder e do inominável guarda-redes do escrete canarinho. Porque o que é relevante é a memória de Madjer e a jogatana que a Algérie fez contra os teutónicos. Porque o que enche é a lembrança de N’Kono, o homem que guardava a baliza camaronesa, em particular naquele golo sofrido contra os italianos. Conde Isidoro.

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Engano e decepção. O índice de Grundlinien der Philosophie des Rechts, de Hegel, na edição da Guimarães Editores, na alínea bê da segunda secção da primeira parte, prometia prosa sobre o contrato de trica. Viradas as páginas, afinal nada estava escrito sobre o esperado contrato de trica. Porque o tópico tratado era o contrato de troca. Constatar isto foi uma decepção. Segismundo.

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Frequência onírica. Bastas vezes ia almoçar para as bandas de Alvalade a um restaurante onde, em mesa próxima, havia camaradas de um partido, o comunista e português, e camaradas da inter, a sindical. Acontece que uma noite destas sonhou com uma manifestação e, entre a turba, vislumbrou a face de muitos desses habituais comensais. No dia seguinte, como expiação e para se redimir, decidiu não almoçar. Segismundo.

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2006-06-11


Há faena e fanecas no alguidar, iv. Portugal praticou um futebol paupérrimo, esta é a evidência. Mas alguns jornalistas insistiram que fosse declarada e sentida a falta do senhor Deco. Esta fauna, como não percebe puto de futebol e parece ter dificuldade em concordar com os factos, dispersa o juízo sobre eventualidades e empresta-se a devaneios sobre ausências, sobre ses. À má exibição dos das quinas, os do microfone, sôfregos, corresponderam também. Provavelmente merecem-se. Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no alguidar, iii. O futebol é para ser visto. Se não fosse para ser visto, as respectivas manobras resumir-se-iam ao campo e não seriam praticadas em coliseu, assim como não mereceriam honra de transmissão teelvisiva. Estas palavras surgem como reacção à estúpida interrogação do senhor Luís Figo, de que é que estavam à espera?, quando o interpelaram sobre a exibição da turma dos scolaritos. Estávamos à espera de futebol, obviamente. Não de suporífero. É que, não obstante venham com a conversa de que o que conta são os três pontos, futebol não é geometria descritiva. É coreografia e bola na rede. Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no hectare, vi. Portugal venceu Angola, mas não convenceu. Praticou futebol durante cinco minutos, depois estendeu-se em espasmos e ausência. Isto é, depois do golo marcado, os scolaritos praticaram um futebol xaroposo, de ranço, em modo tédio. Um futebol de ninho, de caga no ninho, de espera. Praticaram um futebol pólen, de acidente, tipo coisa levada por vento ou por abelha, casual, sem programa, tipo barata tonta. Um futebol de polícia sinaleiro, de guarda de passagem de nível, sem graça, pusilânime, quieto. Praticaram um futebol em pretérito perfeito, para esquecer, não em gerúndio. Ora, o futebol competente é uma composição de carrossel, controlo e domínio do que leva e traz a bola. É um futebol que gira e faz girar, sol, governo, que dita a bola. É um futebol leopardo, que procura carne, carne vermelha, viva, golo. Mas, não, os onze escalados inicialmente por Scolari e os outros que, por substituição, entraram não foram mais capazes do que de um futebol koala, arrastado, indolente, zombie, como se fosse chão saturado de eucaliptos. Uma merda. Uma tristeza. Uma exibição de futebol de enconar, não no sentido viril, mas no sentido de encanar a perna à rã. Dizem que foi a primeira partida e tal. E daí? Uma partida de futebol, qualquer que seja, é sempre a primeira. Repetições há, mas apenas na teelvisão memória. Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no hectare, v. Desculpem lá, mas o senhor comandante Scolari é meio fúchsia, não é? Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no hectare, iv. Hoje, embora em chão desencontrado, os sombreros verde-de-chili foram melhores do que as tulipas cor-de-laranja. Conde Isidoro.

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Paralelos a há faena e fanecas no hectare, iv. O futebol só remotamente é, se for, jogo. O xadrez, sim, é jogo. O póquer, sim, é jogo. Futebol é matraquilhos sem varão, embora sob o mesmo princípio, meter a bola na baliza do outro. Portanto, é quase como sexo, em inclinação masculina. Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no alguidar, ii. Na página quarenta da edição de ontem do Público, alguém de fora do mundo e da ordem natural das coisas escreveu que o senhor Edson Arantes do Nascimento e a senhora Claudia Schiffer acompanharam a taça Jules Rimet até ao palco da cerimónia de abertura da fase final do campeonato do mundo de futebol, no Allianz Arena. Ainda se fosse o troféu Sílvio Gazzaniga, é como o outro. Mas, não, foi a taça Jules Rimet... A ignorância devia doer. Conde Isidoro.

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Escala de Hobbes, i. Uma coisa é comer gente, que é carne. Outra coisa é comer gente, que é carne, crua. Segismundo.

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2006-06-10


Há faena e fanecas no hectare, iii. Por que é que Côte d’Ivoire não é Costa Rica? Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no hectare, ii. Trinidad and Tobago, pel’The Soca Warriors, tau!, a selecção insolente. A propósito, alguém sabe quem é o tobaguenho Latapy? Conde Isidoro.

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Paralelos a há faena e fanecas no hectare, iii. Futebol é futebol. Não é apenas arte, não é apenas política, não é apenas circo, não é apenas combate. Conde Isidoro.

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Há faena e fanecas no alguidar, i. Ver jogos de futebol obedece a uma liturgia. Nada mais interessa, excepto o que acontece no terreno de jogo. A este propósito, o senhor mister Artur Jorge é que a sabia toda. Confessou ele uma vez que acompanhava os jogos pela teelvisão, mas sem som, para, por outra via, enquanto via o jogo, poder ouvir um adagio ou um scherzo qualquer. Assim, explicou ele, evitava escutar os dislates proferidos pelos invisíveis que faziam as vozes off durante a transmissão. Hoje, por circunstâncias alheias à minha vontade e para além do meu controlo, a teelvisão não estava muda. Pelo que, às tantas, fui fustigado por um diálogo sobre santidade, do mais rançoso que há em termos de comentários futebolísticos. Um dos fulanos da locução disse Marco Rodriguez, o árbitro do jogo entre England e Paraguay, teve uma tarde santa. O outro reagiu, não teve uma tarde santa, teve que intervir três ou quatro vezes no jogo, mas quase. Conde Isidoro.

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Paralelos a há faena e fanecas no hectare, ii. Na colecção de cromos do mundial de futebol da Panini há apenas um cromo que verdadeiramente interessa, o número oito. Aliás, nele há uma palavra, Gelsenkirchen - pronuncia-se em alemão -, que jamais irei esquecer. Conde Isidoro.

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Paralelos a há faena e fanecas no hectare, i. A fase final do campeonato do mundo de futebol é sobretudo fascínio, não mais. É como a abóbora da Cinderela, embora em versão relações internacionais. Conde Isidoro.

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Pro patria mori. Porque a pátria é um acidente, a nacionalidade é-nos paciência, mais do que agência. Segismundo.

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Os bons dias de acédia. Os feriados valem por si. O caso que pretendem assinalar ou a efeméride que pretendem celebrar são, por isso, meros motivos de algo que lhes é superior. Segismundo.

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Espectro noctâmbulo. Regressava, madrugada, o costume. Entretanto, sem porquê ou para quê, decidiu fazer tocar a campainha de uma casa que julgava abandonada. Para espanto seu, uma voz reagiu pelo intercomunicador, quem é? Foi quando ele se apercebeu que, embora talvez fosse fantasma, a sua estupidez não era espectral. Segismundo.

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A estação da queda dos anjos. Súbito, dois deles, dos três mosqueteiros - que são quatro -, anunciaram a intenção de caírem, tipo tordos. Como não é bom prenúncio, solicitaram testemunho condizente aos outros. Um deles mais, apadrinhamento. O que significa que, apesar de tais quedas serem singulares, vão cair todos, juntos. Segismundo.

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2006-06-09


A reserva do macho latino. Data de há uma semana o primeiro veto do senhor presidente da República. Nicky Florentino.
imagem © Roy Lichtenstein

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Há faena e fanecas no hectare, i. Isto é mais do que um exercício de denotação. A Costa Rica joga com Porras na baliza. Conde Isidoro.

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A gerência adverte que. Por estes dias de estio, ocasionalmente, haverá por aqui, neste tugúrio, mais duas criaturas. O Conde Isidoro, que é conde, não sabe quem é a senhora de Caravaggio e de futebol sabe apenas aquilo que von Clausewitz escreveu sobre a guerra. E a Eliz B., que é condessa e amiga de O Marquês antes de O Marquês sequer ser. Heaven can wait!, a silly season não. Gregório R.

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Só para contrariar. Óquei, um acto é mais do que um acto, algo que não se esgota na intenção que o despoleta. E, claro, há sempre por aí algum sitemeter ou um qualquer dispositivo equivalente. Mas, ó João, virgens?, que é lá isso? Olha, nesta estou como o Filipe, inclinado à simpatia. Por isso, mau grado o arrombo à reputação, por esta via exposta também, parabéns ao Francisco. Segismundo.

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Deixai vir a mim os petizes conquanto não andem descalços, não estejam ranhosos ou não insistam em orbitar à volta do senhor prior tipo borboleta a marrar contra a lâmpada. Segundo a edição de hoje do Público, um senhor prior, antigo director da Casa do Gaiato de Setúbal, deu uma bofetada a um puto - com cinco anos de idade, diz-se -, por, apesar de previamente avisado, persistir em importuná-lo quando ele afirmava a não veracidade de uma acusão do ministério público sobre maus tratos a infantes naquela instituição. O homem explicou-se assim, “não lhe dei um estalo, bati-lhe com a mão, para ele se ir embora”. Por outras palavras, a dissuadora chapada na tromba do cachopo “não foi um mau trato, foi um bom trato”. E para que não se esqueça o enquadramento e a antecedência da lambada, o bom homem fez ver a luz à testemunha com esta dissertação, “não me viu antes agarrá-lo ao colo, acariciá-lo e beijá-lo? Sabe quem faz isso? É um pai”. A doutrina não é inédita ou esotérica. Há para aí um juiz de um tribunal superior que disse mais ou menos o mesmo. Segismundo.

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Auf Wiedersehen. © Banksy. Segismundo.

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Sem apelo. Ele, oportunista, acusou-a. Ela, e tu?, o que és?, defendeu-se. Ele, sou portista, sentenciou. Segismundo.

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Roteiro do dia. Antes, Chiado. Depois, Parque Mayer. Entretanto, jantar, algures. Segismundo.

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2006-06-08


Tudo à mostra. A alta primavera prenuncia o verão. É uma espécie de apocalipse. Começam a ver-se ombros, umbigos, decotes cavados e alçados, pés em chinelo. É também a estação da revelação das misérias que o frio ocultou. O roaz tatuado na omoplata. A rosa tatuada num dos flancos da cintura. A porra da bandeirinha coçada, com pagodes, a celebrar uma comunhão que nunca acontece no et cetera, mas apenas no futebol. Segismundo.

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Das nove vidas para o fim, i. Não saber é desconhecer, ignorância, uma benção, portanto. Saber e fingir que não se sabe é apenas dramaturgia. Com a repetição, o fingimento tende a inscrever-se na liturgia e, consequentemente, a tornar-se constitutivo do ritual quotidiano. É isso que, enquanto a alienação não acontece, torna insuportável, porque artificial e assim sentido, o engano de si-mesmo. Segismundo.

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The fast and the furious. Quem preferes ser?, Thoreau? ou Emerson?, perguntou-lhe ela. Emerson, se for o Fitipaldi, respondeu ele. Segismundo.

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2006-06-07


La indistinction. Vem aí o fim do mundo. Deve ser do calor. Os indícios são mais do que muitos. O céu pátrio encolheu e, em consequência, a força aérea tuga passou a ter aviões - éFesixteens!, não uns aeroplanos quaisquer - a mais. O João Pedro renunciou a uma promessa. E ao Eduardo dizem que no blog não, não chega. Vem aí o fim do mundo. Ou, mais exactamente, o fim do mundo, este, continua. A tal processo chama-se reprodução. Segismundo.

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O leopardo e o vendalismo. © Banksy. Segismundo.

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Escala de Agave, v. O que faz falta não é o google earth, é o google heart, um instrumento que permita cartografar as mãos e a culpa que elas alojam nas respectivas carne e linhas. Segismundo.

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2006-06-06


O governo dos despojos. Tolera-se a conversa e a insistência sobre o défice do orçamento do Estado e o raio que os parta. Tolera-se que o senhor presidente da República tenha vetado uma lei, escorando-se numa argumentação que, no seu grosso, oscila entre o impressionismo e a ignorância franca sobre a investigação feita em torno de tal matéria. Tolera-se a vaga de calor. Tolera-se até que o senhor Scolari seja o senhor seleccionador nacional. Mas, foda-se, que a pátria seja excedentária em Fsixteens é que é demais. Quem é que tolera este tipo de delírios? Quem é que treme? Nicky Florentino.

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Intercepções entre os movimentos de rotação e de translação da Terra. Se tudo é uma questão de perspectiva, a referência fundamental é necessariamente o juízo. Mas o diabo anda por aí à solta. Provas? Prova á, uma senhora sugeriu o fuzilamento e o napalm como terapia para alguns dos males da pátria. Prova bê, alguém que não vê blogues chamou - não se percebeu se a nomeação prosseguia também o propósito de declaração ou de atestado - débil mental a quem não é débil mental, embora seja público que não simpatiza com quem lhe chamou débil mental. Prova cê, do outro lado do mundo, a horas de distância do fuso horário pátrio continental, foram lançadas pétalas vermelhas de buganvília sobre o contingente de guêéneérres mobilizados para chão maubere. Perante estas circunstâncias, que fazer? Segismundo.

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Livro do dia. Ou Là-bas, de Joris-Karl Huysmans, ou La Comtesse Sanglante, de Valentine Penrose. Um e outro disponíveis na pátria, através de edição d’Assírio & Alvim. Segismundo.

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O asfalto é um mar sempre flat. É memorável a cena do atropelamento em The Devil’s Rejects, realizado por Rob Zombie, não tanto pelo atropelamento em si, mas sobretudo pela documentação posterior da decomposição física da personagem atropelada sobre o alcatrão. Paz à sua alma. Em Hostel, realizado por Eli Roth, não há um, há dois atropelamentos. A primeira cena mostra um atropelamento tipo bowling, três em um. Nada de extraordinário. O carro segue e as três personagens ficam depostas no chão quase como estavam dispostas em pé. A segunda cena, sequência imediata da anterior, mostra uma das personagens que antes havia sido atropelada - a única sobrevivente - a ser arrastada sob o carro que persegue o carro do primeiro atropelamento. Estas duas cenas, juntas, no entanto, não conseguem reeditar o esplendor cinematográfico do atropelamento de The Devil’s Rejects. Segismundo.

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06-06-06. Se o zero à direita não conta, ele há dias assim. Segismundo.

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2006-06-05


Refrão para estes dias (bis). O blogger é uma grande merda. Segismundo.

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Twilight zone. Entrou na área de serviço. Queria um café, apenas um café, nada mais. Por ali, provavelmente é o paradigma da procura simples. Nada mais, reitere-se. Do outro lado do balcão, do lado da oferta, porém, ninguém. Lançou para o ar uma voz de atenção, de rogo, tipo ó saxavor ou algo parecido. Repetiu a voz três, quatro vezes, em crescendo de tom. Ninguém surgiu. Aquilo parecia uma área de serviço fantasma. Súbito surgiu-lhe a imaginação, saltar para o outro lado do balcão e servir-se. Não hesitou. Saiu de cena, dizendo caralho foda isto tudo e dando uma cacetada numa máquina qualquer, de bolas ou o caraças. Voltou ao carro. Arrancou sem que, para além de si, qualquer alma tenha dado sinal de vida naquele cenário que lhe fez lembrar Nighthawks de Hopper, mas sem gente. Segismundo.

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Da maioridade. Supremacia macha, em tudo, nos matraquilhos, na sueca, no bagaço, na velocidade de viagem, excepto, talvez, na paciência para, quando se domina um bólide e se vai bem, ouvir alguém perguntar vais bem? de cinco em cinco minutos, tipo tramela. Com uma porrada no toutiço talvez a voz adormecesse, mas, na circunstância, ir bem não permitiu admitir essa hipótese, pelo que o caso resolveu-se com a economia do imperativo, ou dormes ou vais calada. Segismundo.

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Recordações da terra amarela. Da estepe reteve um Noddy de peluche pendurado num estendal de roupa, a imponência do quintalão do antigo grémio da lavoura e as cegonhas indo e vindo, casando com as alturas e as alvuras. Segismundo.

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2006-06-03


Um nome que jamais. É um hábito antigo, mania sua. Olha as nêsperas e as cerejas, pega-as, segura-as durante um instante na mão, sem apertar, apenas para sentir a sua textura, cheira-as, passa-as por água e, depois, só depois, come-as, emprestando-lhes um nome de mulher. Já comeu muitos nomes, mas um, Deolinda, nunca. Segismundo.

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A equação da xisdade. Não demoraria para o sino da igreja da cidade pequena badalar a uma e meia da madrugada. A praça estava vazia. Ele atravessou-a na volta, a comer um gelado, no momento em que a mãe do outro assomou à janela. Saudou-o, boa noite, ele retribuiu a saudação, boa noite, trocaram breves palavras de circunstância e, então, ela convidou-o a provar a tarte de morango que havia lá em baixo, na cozinha. Segismundo.

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2006-06-02


O dia nacional do cão. O senhor presidente da República respeita as decisões do parlamento. Porque é homem compreende que a rapaziada em parlamentação ajuste a respectiva agenda ao calendário dos jogos da bola. Isso de mais mulheres na Assembleia da República - e em outras arenas políticas a que se acede por eleição - é que é uma brutalidade. Pois elas, depois, iriam seguramente condicionar o exercício de deputação ao horário da telenovela, ao ciclo dos humores dos vinteeoito dias ou ao calendário das competições de curling. Como é óbvio, a democracia, porque é uma exigência permamente, é coisa de macho, tipo clube do Bolinha. Conheço uma corporação de bombeiros voluntários em que também é assim. Nicky Florentino.

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Diga ão, ão. Cão somos todos, todos os dias. Segismundo.

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Sugestão. Talvez fosse por ter vindo a correr, não se sabe. Sabe-se apenas que, ao mesmo tempo que com a mão aferia as respectivas pulsações, perguntou sabes que há vários corações do Jim Dine? Segismundo.

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Metamorfoses quotidianas. Esperava-a numa rotina de noite, de vampiro. Como ela demorava, pressionou a tecla on do controlo remoto do televisor. E transformou-se em telespectador. Segismundo.

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2006-06-01


O debate como se não tivesse sido. Na página treze da edição de hoje do Público foi estampada uma notícia sobre um jantar-debate organizado pelo grupo parlamentar socialista, a propósito de um livro publicado recentemente e que versa a indiferenciação ideológica dos partidos políticos e dos eleitores. Sobre o debate, para além da posição do orador convidado, nada é escrito. O último parágrafo da notícia resume bem o caso: “o debate teve entre a assistência, além de deputados do PS, da actriz Inês Medeiros e do ex-director do Diário de Notícias, Mário Bettencourt Resendes”. Ou seja, sem esta informação crucial, o que é que se ficava a saber sobre a discussão e a subjacente troca de impressões? Nicky Florentino.

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Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, xliii. Catch 22. Segismundo.

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Goodfellas. O Estado diz, eu governo. A igreja diz, eu rezo. O agricultor diz, eu trabalho para ambos. O comerciante diz, eu engano os três. O advogado diz, eu esfolo os quatro. O médico diz, eu enveneno os cinco. O diabo diz, eu tenho-os todos, os seis são meus. © C. J. Grant. Segismundo.

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2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).