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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2008-09-30


Teses sobre um regime, ii. A igualdade é um princípio do processo democrático, não é um fim. Nicky Florentino.

Referência



London calling. Uma coisa é uma equipa de futebol perder. Outra coisa é uma equipa de futebol jogar mal. Outra coisa ainda é uma equipa de futebol perder e jogar mal. Outra coisa ainda, o fundo, a fossa, é uma equipa de futebol isto tudo junto e alinhar com dois hologramas nas posições laterais recuadas, sob o patrocínio do juízo do mister Jesualdo Ferreira. Hoje, a miséria futebolística atingiu tal zénite que, embora dorido com isso, um gajo até foi capaz de rir-se dos tenrinhos que jogaram contra a seita inglesa chamada the gunners. Mas depois do riso veio o desvelo. Ao cérebro do mister Jesualdo Ferreira e à defesa do Futebol Clube do Porto devem ser aplicadas as mesmas medidas de restrição que ao leite em pó chinês. Intendente G. Vico da Costa.

Post scriptum. A narrativa é bonita, “uma «cebola» uruguaia, metáfora que nos faz imaginar Cristian Rodríguez, um intérprete de futebol épico”*, mas não me fodam. Épico é o caralho.
__________
* Luís Freitas Lobo, “A máquina «desumana»”, in Expresso, n.º 1873, 20.Setembro.2008, p. 27.

Referência



Escala de Alice, i. Se o teu melhor lado é o lado de fora, porquê o reparas junto ao espelho?, porquê não passas para o outro lado? Segismundo.

Referência



o professor Mateus Lobo. o espírito, diante de si está uma mesa com uma toalha imaculada, o que é? toca um telemóvel e ele corresponde com um olhar de censura. torna o silêncio. depois sacode a mão direita, como se a relaxasse. o pulso vibra. o espírito, os gestos são rápidos, como se fossem de um maestro a agitar a batuta, como se escoa? as perguntas obedecem a um propósito retórico, não exigem resposta, captam atenção. convocados pelas questões, os assistentes acompanham os gestos do professor, que, agora, chocalha a cabeça do homem acabado de decapitar, o corpo tombou, cabeça que o professor segura entre as palmas das mãos sobre a mesa. fios de sangue ensopam a toalha. o espírito, os assistentes aproximam-se, é isto, para observar melhor. O Marquês.

Referência

2008-09-29


Teses sobre um regime, i.iv. Na sua dimensão estrita, o processo democrático é o mais que existe da democracia. Nicky Florentino.

Referência



Memórias. Póstumas são as nossas. Com os mortos podemos nós. Com a vida podem-nos eles e a morte deles. Segismundo.

Referência



projecto mayhem

# ii
. a ânsia de futuro tem origem no efeito da esperança. a esperança é um factor antitético, uma das causas da erosão do estado. através da esperança vislumbra-se uma hipótese de melhoria. no limite, crê-se haver glória ou salvação na renúncia ao que tem vigência. no entanto a esperança dispersa-se em esperanças e as esperanças divergem, não apenas em sentido, em direção também. o que significa que, para além de mobilizar e suscitar tais esperanças, é necessário garantir a sua coordenação, de modo a resultar uma totalidade. sucedem-se o projecto, os planos, os programas. são consultados oráculos, são anunciadas profecias. surge a violência, primeiro em laivos, depois em frente. as esperanças são operacionalizadas pela força. após a irregularidade, a consistência. fragmentos de trinta e sete graus centígrados unem-se. é acelerado o processo de aproximação a um futuro. às esperanças sucede o horror, ao horror sucede o terror, ao terror sucede o fim. o fim é a concretização plena do futuro. Edgar da Virgínia.

Referência

2008-09-26


Teses sobre um regime, i.iii. Na sua dimensão estrita, o processo democrático é animado pela tensão decorrente do atraso entre o regime tentado - materializado em instituições e procedimentos - e o seu projecto - que define o horizonte da tentativa, sobre o caso e o tempo dessa mesma tentativa. Nicky Florentino.

Referência



Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, lvi. 5:14 Fluoxytine Seagull Alcohol John Nicotine. Segismundo.

Referência



Se. Foi uma mulher que escreveu a Bíblia, como escreveu Moacyr Scliar, mas, mesmo feia, não se chamava Deolinda. Segismundo.

Referência



projecto mayhem

# i
. dúvida, fraqueza, estas são palavras proibidas. aconteça o que acontecer, a dúvida ou a fraqueza não são motivos para deter o processo que está em marcha. aconteça o que acontecer, o fim é imperioso, deve acontecer o fim. isto não é assunto para ser discutido, isto é uma asserção. não se fazem experiências do fim. o fim provoca-se. o fim é o horizonte da revolução de que somos a carne e o sangue. é de carne e sangue que é feita a revolução que conduz ao fim. é de carne e sangue que é feito o fim. o fim libertar-nos-á. alguém tem dúvidas? Edgar da Virgínia.

Referência

2008-09-25


Teses sobre um regime, i.ii. A democracia não existe enquanto regime concretizado ou consumado. Nicky Florentino.

Referência



Amores perfeitos. Pior do que o desamor é o amor, por não saber-se o que é, como é, por que é ou por que não é. Segismundo.

Referência



Página do livro sentenças, liv. Porque há sempre depois, todos os fins são meios. Segismundo.

Referência



Escala de Πενθεσίλεια, ii. O coração é um instrumento de percussão, bate batido. Segismundo.

Referência



As minhas confissões a um triturador de papel, iv

Sei muito bem o que quero e até tenho um poster com o que é agora a minha felicidade. Pelo que, se o meu amor quiser, seremos duas a querer. Não digo o quê, para não atrapalhar a campanha.
Miquelina Abóbora dos Santos

Referência

2008-09-24


Teses sobre um regime, i.i. No que tem de existência, a democracia existe sob duas formas apenas, a projectada (ou intangível) - isto é, enquanto ideal - e a tentada (ou tangível) - isto é, enquanto ensaio desse mesmo ideal. Nicky Florentino.

Referência



Já agora, a propósito de simpatias e da menina com ares de quenga, quem é um saco de plástico?, não é? Segismundo.

Referência



Página do livro dos googlemas. A ordem é estocástica - isto é um oxímoro, os oxímoros fazem bem à saúde. Ao mesmo tempo, simpatias com cueca e Eva Wyrwal, quem arrisca o resultado? Segismundo.

Referência



Portugalé. Um paraíso de piquetes de. Segismundo.

Referência



salmo bravio. o corpo latente. ela perguntou-lhe ficas de que lado do ringue? ele não respondeu. sentiu o seu jazz cardíaco e a insídia beat da estrada, a estrada aberta e longa, o pó, dínamo da alucinação. desceu para o nível subterrâneo, colocou um joelho na lâmina electrificada do metropolitano. genuflexão perfeita. recordou as vezes que segurou o copo vazio de old no. 7, rótulo negro, e todas as suas fodas fugazi. onde estou?, quis saber. problemas, problemas, disse e repetiu, problemas, problemas. problemas, gritou. acendeu um cigarro, não para acalmar, mas para pulsar a raiva com evidência. o fumo, as aleluias, a sodomização por um arlequim ou por um serafim, o princípio. isto é a nossa cosmogonia, disse ele sobre o que seria um combate apenas. mostra as tuas mãos, exigiu-lhe ela. ele fingiu não ouvir. depois fingiu não a ver aproximar-se. podiam ter sido felizes? ninguém sabe. O Marquês.

Referência

2008-09-23


Teses sobre um regime, i. A democracia não existe. Nicky Florentino.

Referência



Amorte. Sente-se o corpo a partir por não ser possível alojar aí a culpa e, portanto, conseguir defesa. Segismundo.

Referência



Cabine de provas. A etiqueta tem inscrito made in, percebes as misérias significadas por tal inscrição, mas o desejo de posse supera esse pormenor, pelo que atentas na etiqueta do preço sobretudo. Segismundo.

Referência



Portugalet. Na pátria ditosa, a civilização tem custos que transcendem o seu preço, em portes, em impostos alfandegários e, às vezes - se não promana da zona euro -, em taxa de câmbio. Segismundo.

Referência

2008-09-22


cabaret baudelaire

# iii
. tudo isto passa-se no cérebro. não é pensamento. é mais do que isso, é distúrbio. outros chamar-lhe-ão loucura. porém, em rigor, não é loucura. distúrbio, é o que é, nada mais. a definição talvez não seja convincente. admito, sem dificuldade. vejo casos e coisas que não são de ver. revelam-se a mim acontecimentos e factos que não existem, existiram ou existirão. mostram-se reais, autênticos, mais do que como se fossem reais, autênticos. tudo isto passa-se no cérebro, repito. é uma realidade que não é realidade, mas ainda assim é real. vejo com os olhos fechados. não consigo explicar de outro modo. não é imitação. não. não consigo explicar de outro modo. passa-se no cérebro, tudo. só. Edgar da Virgínia.

Referência

2008-09-21


Dias de zero a zero. Na vida há coisas que são para levar a sério, mesmo muito a sério. O futebol é uma delas. Isto é mais ou menos como Norbert Elias explicou. Uma pessoa afeiçoa-se à insígnia do dragão e às cores respectivas, riscadas ao alto, e espera excitar-se com isso. O princípio é elementar e salutar, não é básico ou selvagem. Ora isto estava tudo muito bem até chegar ao Futebol Clube do Porto, para ser mister, uma espécie de contracção entre o menino Jesus e o pato Donaldo. É facto que após isso, entretanto, o Futebol Clube do Porto foi campeão duas épocas consecutivas, a última e a penúltima. Mas também é facto que, não obstante a consagração do Futebol Clube do Porto, em uma e outra dessas épocas um portista que leva o futebol a sério sentiu quase o mesmo que sentiu quando o grémio do pássaro arrecadou o título na época 2004/2005, com o mister Giovanni Trapattoni. Não é preciso alongar a declaração para perceber a gravidade da situação. Acresce que uma pessoa que leva o futebol a sério entende quase tudo, mas não entende a utilidade de um holograma a ocupar a posição de defesa lateral direito, por exemplo. Não é preciso ser uma sumidade em futebol para perceber que, por mais bonitos que sejam, podem até ser importados, os hologramas não jogam à bola. Pelo que, sobre o relvado, antes uma placa de esferovite com a figura do Bosingwa do que um holograma. Ou, então, uma pedra de curling. Seguramente que, embora não seja rastaquouère, o Sapunaru há-de ser capaz esfregar gelo. Pelo menos parece que é isso que o mister Jesualdo Ferreira o vê a fazer. Intendente G. Vico da Costa.

Referência

2008-09-20


campanha de alerta, esclarecimento e ilustração por citação ou declaração contra todos os modos e todas as formas de inutilidade ou obscurantismo, ó mãe, iii

“acho que uma só edição da liga dos últimos contém mais sociologia do que a colecção completa de portugal, um retrato social - e isto para já não falar da sociologia contida nas crónicas semanais dos nossos mais famosos e reiterados militantes anti-invicta. um dia eu conto-vos o que verdadeiramente penso de muita da nossa sociologia (notem o s minúsculo) e do que ela verdadeiramente tem de sociologia (notem o s maiúsculo)”.*
__________
* joel neto, “silly season: um balanço”, in diário de notícias, n.º 50.939, 20.setembro.2008, suplemento notícias sábado (n.º 141), p. 16.
o vírus.

Referência

2008-09-19


Fragende ode für doppelchor, bläser und schlagzeug. Antes Kagel, agora um silêncio gravado. Segismundo.

Referência



Ofício dos abandonos. A sensação de estar a chegar atrasado a alguns livros ou, em casos de maior gravidade, a sensação de estar a começar a chegar atrasado e o atraso prolongar-se e transferir-se para diante, para além da leitura. Segismundo.

Referência



Se o capitão Haddock diz. O caralho, porquê só ele? Segismundo.

Referência



melancolia zündapp

# xi
. se alguém é um lugar, imagine-se assim, um lugar, hipótese da presença, da ausência e do espaço entre, da velocidade de passagem por aí também, onde ficar mal? Edgar da Virgínia.

Referência

2008-09-18


Cor de rosa quando foge. Sobre o ps, algumas observações breves. O flanco parlamentar socialista é o partido armário, cabe lá tudo e o seu oposto e, com um bocadinho de jeito, ainda pode caber mais alguma coisa, porque, como as consciências socialistas em deputação, o futuro é grande. Não por acaso, uma parte significativa dos sedimentos flutuantes da vasa do ps está aí, na assembleia da república. O flanco governamental socialista, esse, é o lado halibut, sem é e sem escamas, daquele em bisnaga, para ver se alivia e não dói muito, tão alérgico a confusões é o senhor eng.º José Pinto de Sousa. Daí que, embora a malta socialista tente fingir, o ps seja cada vez mais um partido político flat. Com rei, sem rock, uma máquina de captação abrangente de sufrágios. Um andor para alcandorar gente, portanto. Nicky Florentino.

Referência



Da impotência. O poder é a capacidade de determinação. O poderer é a capacidade de determinação da capacidade de determinação. Isto, a par da imaginação e do pudor, é o que, em Portugal, a política tem cada vez menos. Nicky Florentino.

Referência



Portugalé. Uma máquina frequentemente em tilt. Segismundo.

Referência



As minhas confissões a um triturador de papel, iii

Se querem saber - se não querem, não interessa, ficam a saber -, gostaria, gostaria de desejo levantado, sem lacerações ou epifanias decorrentes da mastigação de cogumelos, gostaria de caçar ursos. Têm uma pele bonita. Tanto que, agora, acho que o meu amor, nossa senhora - atenção, isto não é uma carta de truques -, é do Alaska.
Miquelina Abóbora dos Santos

Referência

2008-09-17


Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, lv. Ein Tanzpoem, nebst kuriosen Berichten über Teufel, Hexen und Dichtkunst. Segismundo.

Referência



Escala de Gray, iv. O que queria como princípio era não saber. Compreender o sonho implica descobrir o espelho que o guarda, quando a condição de cadáver é o que o aguarda. Segismundo.

Referência



o Custódio das barricadas no quartier latin. colocou o problema do atendimento e do consolo psic. que poderia valer-lhe?, a ele, se não acreditava e não estava disposto a acreditar em modas, que químicos prescritos por um estranho pudessem afectar-lhe a alma, alterar-lhe o humor. há gajos que crêem haver deus sob a forma de comprimidos ou drageias, doseado na proporção certa. como sabes, deus é a senda para a felicidade, disse o outro, em tom trocista e provocador. o diálogo prosseguiu no âmbito da cumplicidade de ambos. e Blanchot?, era doido?, era tonto?, era o quê? leste la bête de lascaux? a conversa entre os dois amargava cada vez mais e precipitava-se para domínios umbrosos. ele sentia isso e, antes que fosse demasiado tarde, tentou rectificar o sentido do colóquio. estendeu uma garrafa de cerveja em direcção ao outro, enquanto na outra mão segurava outra garrafa para si. velhos tempos, aqueles, disse ele, arriscando recuperar o seu ânimo através da convocação de uma memória que lhes era comum. bons velhos tempos, corrigiu-o o outro, com severidade, não muita, alguma apenas, a que, justamente por não prejudicar a amizade, é permitida aos amigos. sim, bons velhos tempos, consentiu ele, derivando depois para a adversativa, mas, sabes?, não consigo sentir saudades desses tempos. este é o meu maior problema e por tal, para mim, tornou-se insuportável viver. um compasso de silêncio aproximou-os. se a fraternidade operava naquele instante, como poderia ele não sentir o triunfo daqueles dias?, se não no mundo, neles, neles dois, que estavam ali, encontrados, que antes haviam trocado um abraço e muito antes, há quarenta anos, haviam lutado e combatido juntos, corrido juntos, ousado juntos, fugido juntos. vou matar-me, proferiu ele, em tom imperturbado, ditando a sentença própria, como se fosse um meirinho, sine ira et studio, sem consciência de estar a ser condenado por si. o outro sobressaltou-se. espera, deixa-me ajudar-te, eu ajudo-te, eu primo o gatilho. e pum, camarada, menos um. O Marquês.

Referência

2008-09-16


Perpetuum mobile até ao fim. Porque não é estritamente capitalismo, o capitalismo não é apenas capitalista, é mais do que isso. O capitalismo serve-se de dispositivos diversos - investimento, consumo, estado, mercado, et cætera -, consoante a disponibilidade destes e a oportunidade sua. Daí que deva ser percebido como um complexo simultaneamente devorista e virtuoso, capaz de revitalizar-se através das falências e misérias que suscita, nutrindo-se tanto dos seus meios quanto dos seus fins. É mais ou menos como acontece na natureza, uns dias chove, outros dias faz sol, mas com a vantagem de, com o capitalismo, haver alocação negociada de chapéus de chuva e de bonés para evitar que a malta fique com a moleirinha molhada ou torrada. Outros dias troveja, claro, para a malta também fazer contas à vida e, se trovejar muito e cair granizo, ficar em casa à espera de tempo melhor. Que nunca vem. Nicky Florentino.

Referência



Ida e volta ao contentamento. Apostas na bwin. Perdes, perdes tudo. Chamas um táxi para levar-te ao número onze da rua Simon-Crubellier, no décimo sétimo arrondissement de Paris. Vais de cavalo, trote dois por um. E, consumado, morres feliz. Segismundo.

Referência



Sentido. A estupidez é um caso mental. Às vezes reifica-se, contrata-se na carne. Há habitus e habitus, que são assim. Olha a puta da novidade. Ó o caralho. Segismundo.

Referência



melancolia zündapp

# x
. o corpo abre-se em razão sesquitércia, é estranho, mas é sempre assim, proporção certa nas partes presentes e nas partes ausentes, porque é, simplesmente porque é, carne e espectro. Edgar da Virgínia.

Referência

2008-09-15


Mudar de vida. O senhor dr. Luís Marques Mendes, outrora senhor presidente do psd, tem prosa no prelo. Conforme anunciado, o volume estará disponível nos escaparates - com lançamento no museu da electricidade, et pour cause, porque é seguramente para iluminar a malta - lá para meados dos vintes do mês corrente, de modo a animar o «debate de ideias» - ele há algum outro objecto de debate? - de que, assegura o fulano, a pátria está tão carente e tanto reclama. De facto, ouve-se o burburinho disso, os gentios gemem, chiam ais. E andam para aí insones em número miaor do que o de quantas almas foram veranear aos algarves nos meses passados mais recentes. Não espanta, pois, que, lapidar, o senhor dr. Marques Mendes faça constar que “os portugueses estão fartos de diagnósticos e generalidades. Querem soluções concretas”.* Que é mais ou menos o mesmo que, com outra ressonância analítica, foi inscrito por Marx na célebre décima primeira e última das teses sobre Feuerbach. Temos marxiano, portanto. Ou mais ou menos. Nicky Florentino.
__________
* Luís Marques Mendes cit. in Diário de Notícias, n.º 50.934, 15.Setembro.2008, p. 15.

Referência



Ilusionistas e mudadores. O exercício político compreende dimensões diversas. Uma dessas dimensões é a comunicação com os gentios, a populaça, a opinião pública, para colocar o caso com elegância. Resulta deste facto que, em situação dita democrática, um dos problemas políticos maiores é de ordem epistemológica e está relacionado com o estatuto da realidade. Em Portugal, embora não só na pátria ditosa, tal problema manifesta-se sobretudo pelo uso e abuso de um ilusionismo que execra a realidade, cujos sintomas são dois, o parlapié e a legiferação. Perante qualquer sobressalto não são escassos os seguidores de Austin e Goodman, dispostos a, consoante as conveniências respectivas, fazer coisas e mundos diferentes com o discurso apenas. Se há crise, o governo diz que não ou que é insignificante, uma borrasca, não um dilúvio. Se há problemas, as posições dizem que sim, que é a alvorada do apocalipse, mas que a saída airosa é a solução que apresentam, não a solução proposta pela concorrência. E à cautela, para que pareça que estão a monitorizar os casos e controlam a situação, um e outras disponibilizam-se para intervir, produzindo legislação ou alterando a legislação vigente, de modo a remover o morbo e o seu motivo. E neste jogo de enganos, animado por palavras e por operações de cosmética a decretos e leis, o dito de Tancredi elucida, “se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi!”.* Pelo que, avant la lettre, subsiste o mesmo. Nicky Florentino.
__________
* in Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Il Gattopardo, Milano, Giangiacomo Feltrinelli Editore, 1958.

Referência

2008-09-12


Coro das invejas. Não existir tempo suficiente para. Como admitir esta hipótese? Segismundo.

Referência



o Hermes do laboratório de análises clínicas. o tom da discussão aumentou quando ela disse a partícula de deus. ele deteve os passos em volta, sentiu o discernimento coar-se de si e, por respeito a Higgs, não repitas essa expressão, afirmou imperativo. ela sorriu e, qual?, provocando-o, voltou a proferir a partícula de deus. mal acabadas de dizer estas palavras, ele deu-lhe uma bofetada, para castigar-lhe a insolência. ela suportou o impacto e, em silêncio e desafio, com o rosto estendido, tornou a enfrentá-lo. consequência, o punho direito dele assentou-lhe no queixo e nos lábios, atingindo-lhe também o nariz, por o soco ter sido torcido em gancho, embora em ângulo pouco pronunciado. ouviu-se um som oco. desta vez ela perdeu o equilíbrio e demorou a recompor-se. tem cuidado, muito cuidado, comigo, porque nos meus dias piores chamo-me Deckard, disse ele, ainda irado. ela começou a chorar e recolheu um dente solto na boca. sangue abundante. facto que o parece ter compadecido. apesar de ela ter tentado esquivar-se às sua mãos, ele agarrou-a, encostou-a à parede, beijou-a e lambeu-lhe o rosto, sabes a ferro, saboreando-lhe a hemoglobina, elemento da tabela periódica com o número atómico vinte e seis. O Marquês.

Referência

2008-09-11


Página do livro dos googlemas. O erro é velho e persegue-nos. Claro, claro, suscitar uma posteriedade é mesmo aqui. Foda-se. Segismundo.

Referência



Página do livro das interrogações, xxi. Qual o horizonte da virtude?, a culpa? ou a inocência? Segismundo.

Referência



Títulos que fazem uma vida, mas não todos os dias, liv. Liberty Belle and the Black Diamond Express. Segismundo.

Referência



As minhas confissões a um triturador de papel, ii

Deus é o meu valor forfetário, todavia, faço constar, no meu regaço as coisas não são sempre certas. Talvez porque ainda ando a pagar dívidas antigas, frequentemente a insónia aflige-me. Aconteceu hoje. O que levou-me a ver na televisão, no canal da cultura, o tal canal, um episódio de uma série de moças com moças, moças vira moças, que nunca tinha visto e cujo título - The L Word - não compreendo. Sou dama, mas não sou estúpida. E agora estou na dúvida, se acaso fosse lésbica, eu, eu aqui, com quem preferiria o primeiro encontro para conciliar-me com um mundo não dependente de erecções, com a senhora dona Sarah Palin ou com a senhora dona Nancy Pfotenhauer? Eu posso ficar por baixo, não me importo, já estou habituada.
Miquelina Abóbora dos Santos

Referência

2008-09-10


Escala de Goffman, iv. Quantas mentiras são suportáveis por alguém? Tantas quantas podem ser encenadas ou coreografadas para os outros e aceites por eles. Segismundo.

Referência



Brancos, iii. Os dias de Tom Sawyer dele são a ilustrar estuque. O ofício compreende várias demãos, sentenças diferentes, até consumar-se a revelação pretendida. Não é um exercício de palimpsesto. É um exercício de afecto, de vingança, de apagamento de vestígios. Uma espécie de arqueologia ao contrário. Daí que, não obstante o seu labor dedicado, ele seja adepto do jacto de areia. Porque, quer ele, simpatizante das coisas brutas, é outro asseio e perigo maior. Segismundo.

Referência



no regresso do cinema. à frente pronunciava-se um segmento de estrada longo. ela dominava o automóvel, mão esquerda no volante, mão direita sobre a alavanca das mudanças. ele tentou tomar-lhe esta mão. espera, enxotou-o asperamente, tenho que meter a quinta. ele recolheu a mão, enrolando os dedos na sua palma, como se apertasse e guardasse aí o testemunho de uma culpa inesperada. perante a recusa dela, a carícia que tentara perdera-se subitamente no instante da tentativa. o automóvel continuou a cortar a noite e alguns metros adiante, agora é que já podes, ela consentiu-lhe o gesto, depois de atropelar um gato. O Marquês.

Referência

2008-09-09


Constatação de princípio. Pavese cem. Depois foram quase quarenta e dois anos, muitos de oficina, até ao dia derradeiro, o do suicídio. Segismundo.

Referência



Escala de Humboldt, i. Mais do que qualquer outro elemento, o frio talha e tempera o carácter para a decência e as suas consequências. Segismundo.

Referência



Da impaciência. Ele tentou expedientes vários, até indexar a paciência à pronúncia da palavra caralho. Não resultou. Segismundo.

Referência



o parque. eram viagens cansativas, quando não durante a estadia, pelo menos na volta. muitas vezes o regresso cansa mais do que a ausência, é um facto. não é difícil explicar porquê. à partida e antes acontece a euforia, porque, mesmo que remotamente, a abalada significa aventura. em consonância com isso, a cabeça e o corpo dispõem-se ao desconhecido e, portanto, à descoberta. vais porque queres ir, por ti, para ti, não é? uma pessoa é uma espécie de destino volante, com origem e retorno. diz-se que a identidade é tonificada pelo sentido de exílio. de quando em quando a permanência transforma-se em tédio, tédio que, por sua vez, motiva uma esperança que se cumpre na ideia de saída. sabes como é, um gajo vai preparado para epifanias que nunca acontecem e a partir de determinado momento começa a sentir vontade de tornar aos seus circuitos, às suas monotonias. ainda que errante, um viajante leva consigo a saudade dos seus espaços e das suas cadências quotidianas, como se, porque preenchem rotinas, fossem dispositivos de protecção civil e pessoal. é uma questão de demora, porém fatal, porquanto inescapável, o despertar dessa saudade levada. fatal, reitere-se. o apelo da máquina é forte. longe, uma pessoa sente-se uma peça fora do mecanismo, tão deslocada quão sem função, pelo que mais tarde ou mais cedo deseja voltar a integrar-se na ordem que, antes, teve vontade de deixar. mas, e esta é uma nuance importante, não de deixar definitivamente. o hábito entorpece e liquida as outras hipóteses, opera como uma âncora do princípio, do que foi anterior. um gajo não está preparado para gramáticas estranhas. durante algum tempo pode contemplar a diferença, feita de paisagem e outros, mas tal diferença parecer-lhe-á sempre estranha. dentro de quem vai pulsa um sangue doméstico, feito de certezas, todas as confirmações anteriores e conquistas que, mesmo que não sentidas, são suas e inalienáveis. inscrevem-se numa sedução que penetra o corpo e instala-se aí, sem aviso, sem instância de recurso. como o transporte do tempo, o regresso é inevitável. agora, quando viajo, canso-me com mais facilidade. também tenho menos hipóteses de viajar. consequência?, asilo-me aqui e exilo-me próximo. ocasionalmente, sem ritual, pego na carabina, desloco-me até ao parque, escolho um local, ainda não repeti qualquer dos locais escolhidos, coloco-me em posição furtiva e deixo-me ficar assim. entretanto escolho um alvo, não interessa quem, uma criança a brincar no balancé ou no escorrega, um velho a jogar às cartas, um namorado sentado na relva ou num banco, um transeunte, fixo-o e disparo. um tiro apenas. depois, consoante a hora, regresso a casa ou sigo para o escritório. é menos cansativo. em cada um de nós há domiciliada uma pátria, uma comunidade que não é imaginada. é dela que promana a segurança ontológica de que necessitamos. crescemos com ela, como costume, como trato diário, e é ao seu apelo que, pelo retorno, correspondemos. não há saída. se tivesse que resumir a minha condição, diria que sou um diletante. romântico?, não, isso já não sou. há sete anos que tenho um pacemaker. O Marquês.

Referência

2008-09-08


Escala de Bachelard, ii. Sempre o mesmo problema, o de saber se as coisas são o que são ou o que definimos. Segismundo.

Referência



Às de espadas. Engolir sapos não é necessariamente o mesmo que felação sob genuflexão. Lamber botas é. Tanto que no fim também há direito a engolimento. Segismundo.

Referência



o Sertório da casa de ferragens. o que me incomoda no corpo de uma mulher é o calor. o outro, que antes havia dito gostar delas quentinhas, então, quando estás de volta de uma mulher, como é que fazes?, mostrou-se surpreendido com tal declaração, um gajo não as pode coisar a frio, pois não? após um silêncio breve, o tempo que demorou a aproximação para permitir baixar o tom da voz, soou a explicação, sangro-as até arrefecerem. e, sabes?, remédio santo, depois não se queixam quando um gajo se avia rápido demais. O Marquês.

Referência

2008-09-07


Alienação, modo de confirmação. Porque disse o que tantos outros já disseram ou continuam a dizer, hoje a senhora dr.ª Manuela Ferreira Leite poderia ter dito o que disse estando calada. O mesmo sucede com as reacções socialistas à intervenção da senhora presidente do psd na sessão de encerramento da universidade de verão da trupe a que preside. De facto, há uma certa banalidade da política em toda esta encenação, em que as palavras de uma e outros são utilizadas para confirmar as coisas e o seu estado, num exercício tão redundante quão necessário, porque parece que ninguém quer acreditar na realidade. Nicky Florentino.

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Mortais. Aquando a sua eleição para a presidência do psd, a senhora dr.ª Manuela Ferreira Leite gabou-se da sua condição feminina, que lhe permitia a faculdade de não estar permanentemente a pensar em política - pensar todo o tempo em política, segundo ela, seria um atributo dos machos - e, por isso, ser capaz de atender a várias missões em simultâneo. Muito bem. Mas há um cúmulo que, sendo mulher, ela não é capaz, estar calada e falar ao mesmo tempo, o que, afinal, demonstra o quão ela é igual aos homens. Nicky Florentino.

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The sounds of silence. Em termos de silêncio demorado, constata-se que a senhora dr.ª Manuela Ferreira Leite tem muito a aprender com o senhor dr. Paulo Portas, que iludiu durante um ano o afastamento do senhor dr. Luís Nobre Guedes da condição de vice-presidente do cds/pp. Nicky Florentino.

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2008-09-06


Soarão sete trompas e tudo continuará como estava, sim, lá vamos indo, muito obrigadinho. Em política, o silêncio, porque não é eterno, ao mesmo tempo que aumenta a sensibilidade ao ruído, estimula expectativas e cativa atenções. Pelo que um dos problemas relacionados com o silêncio é o facto de, ao ser quebrado, ouvir-se tanto a causa do seu princípio quanto a causa do seu fim, ou seja, o seu motivo e a sua consequência. Nicky Florentino.

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As minhas confissões a um triturador de papel, i

Isto são coisas muito só minhas, íntimas, pode dizer-se, mas não consigo evitar o meu espanto e a minha curiosidade. Vejo-a na televisão, apessoada e muito arranjadinha, com tailleur que lhe assenta com primor, as maçãs dos rosto boleadas, preenchidas com um sorriso e salientes sob os óculos, a família ao redor, que é um friso que fica sempre bem, até compreendo a sua alcunha semelhante ao nome de um submarino da nossa grã armada, e pergunto-me: como será a senhora Palin na cama?
Miquelina Abóbora dos Santos

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2008-09-05


Vale ouro. Silêncio é o nome do animal de estimação da senhora dr.ª Manuela Ferreira Leite. Está anunciado que ela lhe vai dar uma estocada no próximo domingo. Dois erros da senhora presidente do psd, portanto, não continuar calada e não fazer disso constância. Porque já se sabe o que, porque pode afirmar, ela irá dizer. Sem tirar, sem pôr. O governo actual desgoverna, ela propõe-se para governanta dos futuros. Nicky Florentino.

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Heartattack. Há coisas que, porque somos assim, já não imaginamos como são. Segismundo.

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Censored colors. Fixe-se este nome, Wasilla, nome de um portento demográfico, que passou de cem habitantes, em milnovecentosesessenta, para cincomilquatrocentosesetenta, em doismil. Sarah Palin, a fulana candidata a senhora vice-presidente dos USA pela trupe republicana, actual governadora do Alaska, foi miss Wasilla e antes, não obstante lesão de que padeceu, logrou concretizar um lançamento livre que valeu um título à equipa de basquetebol feminina do liceu local. Antes de ser governadora do Alaska, ela foi vereadora e presidente da câmara municipal de Wasilla, cidade que até já foi proposta em referendo para ser capital do Alaska e que é onde habita a rapaziada que, junta, forma uma banda chamada Portugal. The Man. O mundo é pequeno. Isto está tudo relacionado. Não há saída, não há escapatória. Também não há revelações ou livro disso. Há desgraças apenas. Segismundo.

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Endless summer of the damned. Sobreviver é envelhecer. Ele está neste processo também, porém crescentemente confinado na sua impaciência. Às vezes tenta a ausência de si e do que, porque compreendida, a sua condição compreende. Não há cura, não é desespero. É o que é. Daí que ele padeça de uma espécie de irritação, cosa mentale, que nada tem de romântico ou dorido. Desassossego, talvez seja adequado chamar isto a tal irritação. É incómoda e fatal, sim, senhora, e sim, senhor, mas não tanto que suscite inclinações suicidas ou homicidas. Provoca sobretudo uma atitude cínica, esforçada em tentativa liberal, e o desejo de gritar. Talvez seja assim porque ele aprendeu a gritar ouvindo Bauhaus e tem memória exacta disso. Talvez. Sabe-se lá. Para confirmar o caso seria necessário fazer raids ao seu juízo, safaris à sua inquietude. Mas qual a vantagem disso?, para quê tal averiguação?, se impossível ir além da tangente ao que interessa. O que interessa é que ele grita a sua impaciência, foda-secaralhonuncetinhoramortisnostræ. Confessa-a, como se ditasse uma oração ao calendário. Sem entusiasmo. Ele é rapaz de outono, do prazer do verão morto. E, sinceramente, nada disto interessa muito. Ou pouco. Segismundo.

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cabaret rimbaud

# ii
. fazer coincidir no corpo os ritmos da promessa e da respectiva confirmação é a devolução necessária de quem se condenou à presença e às circunstâncias da sua revelação. Edgar da Virgínia.

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2008-09-04

saída
nãoécomparacetamolquelávaismasestábemoenganotambémécaminhoportantoserveadeusatéàpróximaaprogramaçãoordináriaadostristesvairecomeçar
o vírus.

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2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).