Às vezes, o mundo surge-me demasiado ordenado, como se fosse uma narrativa exemplar. Esse facto inquieta-me. Pois não acredito em lugares onde não acontece a fúria, o desprezo, a ofensa, o nojo, a inveja, o engano, a mentira, a miséria sob qualquer uma das suas doces formas. O meu deus é o da perturbação, do distúrbio, do jogo onde não há exemplo. O meu deus é o da batota, não o deus que (con)vence. O meu deus é o que perde. O meu deus é uma ficção. Como eu. Como o mundo demasiado ordenado que me inquieta. Por isso, como se fosse simples, agora vou morrer. Talvez, assim, este mundo acabe. Segismundo.