Sou pouco assíduo da prosa do senhor Prof. Doutor João César das Neves, embora não tão pouco quanto das homilías de domingo, rituais a que me dispenso por sobejas razões, uma delas o não levar a pregação do prior a sério e tudo quanto é dito do altar me parecer ficção e coreografia pior do que as dos maus filmes de série bê. Ainda assim, por vezes, lá arrisco a leitura de uma peça sua, apesar de afligido pela sensação de, uma vez mais, estar a meter a pata na poça. Hoje, o dito senhor plumitivo decidiu dissertar, em hossana, sobre a glória feminina. E às tantas lavrou assim na sua prancha, “são hoje esquecidas e atacadas as duas razões mais próprias da glória feminina, o encanto da virgindade e o grandeza da maternidade. O engano é tal que vemos mulheres apreciar como ganhos a perversão da maternidade pelo aborto, da virgindade pela libertinagem, da família pelo divórcio”. Peço desculpa pela incredulidade, mas será que ele acredita, mesmo, no que escreveu? Ou esta crónica é uma mera paródia cristã?, um exercício onírico de catarse? Para ser sincero, não sei. Também não quero saber. Suspeito apenas que um dia destes tornarei a ler mais uma crónica do senhor Prof. Doutor João César das Neves. Just for fun. Segismundo.