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Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2009-02-28


De esotérico a exotérico. O futebol é um jogo simples. No âmbito de determinadas condições e circunstâncias e sob o espectro das contingências, pretende-se concretizar a improbabilidade de encavar um objecto com características determinadas através de um plano, com comprimento e altura regulamentares, previamente definido. Ou seja, dentro dos limites que são os limites da vida, adaptados e aplicados devidamente ao ludopédio e às dinâmicas possíveis num hectare, pretende-se que causas específicas produzam consequências expectáveis. Ataca-se para marcar golos, defende-se para evitar golos. Há margem para repetição do sucesso e do erro, porque uma partida de futebol tem duração larga, cronometrada em noventa minutos, cindida em duas partes iguais. Claro que no cérebro do mister Jesualdo Ferreira a relação entre causas e consequências talvez seja mais sofisticada, de ordem quântica, do que simples, de ordem mecânica. Deve ser por isso que o futebol praticado pelo Futebol Clube do Porto durante os últimos tempos - tempos que são anos - é um futebol de tipo seja o que deus quiser. Que é sinónimo de merda. O que significa que, se o Futebol Clube do Porto tivesse um treinador de futebol e não um mero devoto do voluntarismo divino, talvez os resultados - o desta noite e tantos outros - pudessem não ser produto do acaso, mas de uma intenção, de um alinhamento, de uma tentativa. Aliás não é preciso ter ido à catequese para saber-se que, como no mais das coisas importantes da vida, no futebol a vontade de deus nunca foi sistema bom. Intendente G. Vico da Costa.

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2009-02-27


A idolátrica, o seu esplendor. A coisa de uma mulher à mostra, em concreto ou em representação, ainda assusta muita gente. Por isso o problema verdadeiro de um agente da psp ou de qualquer mortal simples que não se mete em afigurações é o estupor que acontece diante de uma representação da coisa da mulher. Que é mais ou menos o mesmo estupor que acontece diante da própria coisa, a coisa mesma, ela, ali assim, em frente dos olhos, à mão de semear. Que fazer com aquilo? Encarar o demónio? Pôr-lhe os dedos em cima ou dentro? Beliscá-lo como se se estivesse a descascar um tremoço? Atiçá-lo com massagem digital? Lambê-lo? Mordê-lo? Embutir-lhe recheio em vaivém? Ou, por cautela, ir apreender uns quantos livros cuja capa reproduz um quadro de Courbet? A imaginação é fulgurante. A estética é que é fodida. Engana-se quem julga que ser agente da psp diante de uma representação da coisa da mulher é empreitada fácil. Porque não é. Nunca foi. A viúva.

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errata d’helder, ix. página quarenta e três, linha onze, onde se lê multiplicação deve ler-se mutilação. Edgar da Virgínia.

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2009-02-26


O meu zombie querido manda dizer que disse, viii. Ó Francisco, embora possa parecer, uma neurologista prestigiada não é uma socióloga e vice-versa. O que é vantagem óbvia para a neurologia. A viúva.

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Diálogos, ix. Após uma curva sem visibilidade, eu exclamei ia, puta acidente, ó amor. Ele reagiu, qual puta acidente?, são só dois carros encostados e não parece haver feridos. Eu insisti, mas para mim haver apenas chapa batida é já um puta acidente, porque é um acidente. E ele disse foda-se, ó querida, estou a ver que andas muito sensível. O meu amor tinha muitos dias assim, em que a insensibilidade era sinónimo de normalidade. E tinha a mania de acelerar. A viúva.

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2009-02-25


o senhor dr. Medeiros Branquinho. olho os amantes, desfolho-os com conceitos e métodos clínicos, e desejo-lhes o mal que conheço e posso, a doença. não intenciono que morram, intenciono que sofram. quero que tenham outra cor, mais pálida ou amarela, por causa da anemia ou da hepatite, um passe-partout negro e largo em torno dos olhos, os lábios em tom desmaido ou gretados, o cabelo baço ou oleoso e ralo, cáries, rugas e pregas na pele, feridas e cicatrizes visíveis, erupções cutâneas e borbulhas, celulite, varises, fossas cardíacas falíveis, elas com vaginismo e menstruação prolongada e dolorosa, eles com enxaquecas, ressacas, impotência ou ejaculação precoce e mau hálito. as felicidade e saúde alheias entristecem-me. não é por acaso que evito as terapias que confortam ou recuperam os meus pacientes. alegra-me vê-los sofrer. apenas isso me alegra. não era diferente quando ainda estavas casada comigo. então, mesmo ao teu lado, apesar de ti, eu já era feliz. agora continuo. O Marquês.

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2009-02-24


o livro das contas boas é um paralelepípedo volante, voa bcp, voa bpn, voa bpp, voa e arde fahrenheit quatrocentos e cinquenta e um, e ó meu deus, o que é aquilo?, é zorrobabel vestido de superhomem e com um érre a mais ou quê?

“erguendo ainda os olhos, tive uma visão. eis que havia um livro que voava. o anjo que me falava disse: «o que é que tu vês?» eu repondi: «vejo um livro que voa; tem vinte côvados de comprimento e dez de largura». então disse-me: «esta é a maldição que se espalha sobre a face de todo o país. porque todo o ladrão será expulso daqui por ela e todo o homem que jura falso pelo meu nome será da mesma forma lançado fora por ela. eu a deixarei desencadear-se, diz o senhor dos exércitos, para que ela entre em casa do ladrão e do que jura falso pelo meu nome; que ela permaneça no meio de sua casa e a consuma com suas madeiras e pedras”. *
__________
* zacarias, capítulo quinto, versículos primeiro a quarto.
o vírus santo.

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2009-02-20


Página do livro dos googlemas. Uma vez foi assim, que palavra é essa where did you hear about darkwind, e não podia ter sido diferente. A viúva.

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Diálogos, viii. Há muitos anos, a primeira vez que fui à terra dos nuestros hermanos com o meu amor, quando se avistaram no horizonte aqueles bois enormes na planície andaluza, ele começou a gritar I am un chien andalusia e a uivar. Percebi de imediato onde é que ele queria chegar, mas o mais importante é que, foda-se, ó amor, cala-te um bocadinho, tinha acabado o sossego da viagem. A seguir tive de parar numa estação de serviço para comprar um chocolate. A viúva.

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melancolia zündapp

# xxiv
. porque é inóspito, o passado parece uma invenção que nunca chegou a ser concretizada. dele recebemos mais a promessa do que o testemunho. de outro modo, sem esperança, apenas com herança, o futuro seria ainda mais insustentável. Edgar da Virgínia.

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2009-02-19


conferência apache, viii. a Deolinda é mais ou menos normal e ultrapasteurizada. leo david t.

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2009-02-18


Ver, ouvir e falar com um círio mariano resplandescente a pairar no cocuruto de uma azinheira quanto se anda a guiar gado pelo pasto ralo dos outeiros da serra d’Aire é que é normal. Isto é coisa séria, muito séria. O senhor cardeal José Saraiva Martins afirmou que “a homossexualidade não é normal”. Mas, pergunto eu, ser senhor cardeal é normal? Não. E explico porquê. Porque ser senhor cardeal leva a pensar que a homossexualidade não é normal e que a normalidade foi ditada biblicamente. Mas a prova da aberração não cessa aqui. O senhor cardeal José Saraiva Martins, que é especialista reputado nessa coisa chamada os milagres, foi providenciado pela providência divina com um pirilau. Ora o pirilau foi e é atribuído ao homem para cumprir funções várias. Do que resulta que é a variedade dos usos do pirilau que constitui também a normalidade de um homem. Ora, perante isto, sendo sabido que o pirilau serve para purgar caldos diversos, é normal um homem julgar ou cismar que o seu pirilau serve apenas para aliviar a bexiga? A viúva.

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o senhor Osório Sottomayor. ele sussura chupa-me, ele grita chupa-me, mas o estado da sua relação com ela não muda, nem para pior nem para melhor. não se entende porquê. ela não é surda e percebe os estímulos. aliás, por prudência, acautelando a eventualidade de lhe assomar uma vontade maior ou qualquer descontrolo, ele arrancou-lhe os dentes para que ela não o mordesse. tenra, tenrinha, chupa-me, sugere-lhe ele ternamente. todavia, ela, nada. suspeita-se que lhe calhou uma criança contemplativa. O Marquês.

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2009-02-16


errata d’helder, viii. página trinta e quatro, linha vinte e um, onde se lê glicínia deve ler-se nitroglicerina. Edgar da Virgínia.

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2009-02-15


A minha aventura francesa com o general Custer, iii


© Marco Ferreri, Touche pas à la Femme Blanche, 1974.

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2009-02-13


cartas de ducasse à mãe

antes da ideia das epístolas
. oito de abril de mil novecentos e dezassete. saiba-se que não tento agradar à minha mãe. as minhas palavras lavram chão do diabo. não são vultos, não são diques, são o formão no seio das coisas, o esforço que tento contra a esperança que possa haver ou que alguém tenha. putas sem a fama e o prestígio das putas, as minhas palavras são instrumentos de derrube e da paisagem. hão-de ser a vergonha da minha mãe, a causa do seu lamento e da sua pena. não as deterei. também não gosto do meu pai. Edgar da Virgínia.

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2009-02-12


Diálogos, vii. Houve uma altura em que lhe manifestei a vontade de ter uma tatuagem. Julgo que, pelas palavras que escolheu, desde que não seja um golfinho na omoplata ou uma rosa acima de um dos seios, ele não gostou da ideia. Não, amor, estou a pensar num dê e num jota estilizados ou num símbolo chinês, expliquei-lhe e provoquei-o, sabes onde?, levantando a saia acima dos joelhos e estendendo o tornozelo esquerdo na sua direcção. Ele estava a ler um livro, não levantou os olhos e, tu não me fodas, ó querida, dê é de Deolinda e jota é de Jesualdo, reagiu rispidamente, e de chinesices nada sei. É por isto que não desisti, um dia destes vou ter uma tatuagem. A viúva.

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2009-02-11


a senhora Veiga Leite. ele dizia aperta e ela apertava. ele dizia agora alivia e ela apertava mais. ele clamava pára, já chega e ela continuava a rodar o roquete. ele gemia suplico-te e ela fingia não ouvir, o que se ouvia eram os trincos do aperto a passar. ele morria e ela foi buscar outro que gostava também de ser apertado. O Marquês.

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2009-02-10


Pelo cepticismo radical e desorganizado. A ciência em mato de Miranda é outra coisa, não nos princípios, na prática. Quanto mais não seja porque é entendido e defendido que se esteja recorrentemente a dar cabeçadas no comboio para, com método e ciência, não refutar a hipótese de que o comboio é rijo. Eu, que em novinha li Le Dictateur et le Champignon, sei o quão justificada é a recomendação. É que, às vezes, por vapores de cogumelo ou sei lá, o metal pode ficar mole, como os ovos ou os relógios de Dalí, e da cabeçada no comboio não resultar necessariamente uma dor de cabeça. A viúva.

Referência



Repórter xis. Desta salada crespa interessa isto, porque todos temos as nossas liberdades, mas convém não esquecer as aspas. A viúva.

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2009-02-09


cabaret baudelaire

# vii
. a fantasia da fome, a higiene da ganância, nada disto se vê. o que se vê é um anjo, derrubado entre os destroços da idade nova. ruínas e pó são o tempero do tempo, a condição da promessa e do futuro. terra sobre terra, estímulo sobre estímulo, excitação sobre excitação, artifício sobre artifício. agora não há comandantes. jesus nunca mais chega, o sétimo de cavalaria do general custer também não. o anjo lava a cara com as próprias lágrimas. percebe-se que ele tem face de pierrot. a fada verde agita as asas, levantando um véu de poeira. ninguém diz: não confundas salvação com esconderijo. ou, se diz, nada disto se ouve. Edgar da Virgínia.

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2009-02-08


A minha aventura francesa com o general Custer, ii


© Marco Ferreri, Touche pas à la Femme Blanche, 1974.

Referência

2009-02-07


do poeta que não crê na foda estrita*


eu fodo, se me dão licença,
numa língua que vem com avidez mamífera
dos fundos da
língua portuguesa, só fodo nela

__________
* herberto helder, ofício cantante, lisboa, assírio & alvim, 2009, pp. 591 (para «na foda estrita») e 585 (para a citação restante).

Referência

2009-02-06


Parcourant l’Amour Monstre, de Pauwels. O meu amor nunca conversou comigo sobre Deleuze. Olhava-me de soslaio sempre que eu tentava inclinar a conversa para ele e começava a cantarolar Brigitte Bardot, iô, iô, iô, ficando nisto até eu me irritar e começar a dobrar e a riscar as páginas dos Derrida dele. Uma vez ou outra, as primeiras em que tentei fazê-lo, quando percebeu, ele reagiu com indignação. Mas depois deixou de ligar. Também desisti desse, disse-me mais tarde, numa declaração de desalento. Mentiu-me apenas para que eu não continuasse a danificar - danificar, esta foi a palavra que ele usou - os Derrida dele. Percebi isto agora, exactamente agora, no momento em que nada tenho para atear a lareira. Pensando melhor, corrijo a sentença: no momento em que julgava nada ter para atear a lareira. Suspeito que os Derrida dele, ainda por cima em francês, hão-de arder bem. A viúva.

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pranchas d’artaud & mishima

# iii
. mishima, imagina que te era concedido o direito de matar alguém, que terias a liberdade de tirar a vida a quem quisesses, quem matarias? artaud, mataria um português. mishima, matarias quem?, quem concretamente? artaud, uma vez que maria gabriela llansol já morreu, mataria herberto helder. o meu problema maior é não saber onde ele mora. mishima, sim, isso é um problema, mas como todos os problemas pode ser resolvido. artaud, poderia, se. mishima, exactamente, se. artaud, mas mais fácil do que o homicídio é o suicídio, não te parece? mishima, para ser sincero, não sei. o suicídio pressupõe um motivo forte, não uma condição, uma mera condição. artaud, bem, um português é um português. mishima, precisamente, um português é um português, estás a perceber? artaud, sim, mais um, menos um, quem haveria de notar a diferença? Edgar da Virgínia.

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2009-02-05


Let’s dance. Vejo um morto. Isto não é um filme e eu não sou uma criança para me acontecerem coisas destas. O caso é sério. Não sofro. A viúva.

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O meu zombie querido manda dizer que disse, vii. Um minuete é um minuete, uma dança. A viúva.

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conferência apache, vii. a Deolinda mete medo, tem casca grossa e frieiras nos pés. leo david t.

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2009-02-04


Após o grémio do dragão encaixar quatro em chão da lagartoise, temos mais um ouvinte do «sim, eu sei, é triste viver de ilusões» em linha, ora boa noite, diga de sua justiça, se faz favor. Boa noite, não, muito boa noite. O meu nome é Jesualdo e queria dizer o seguinte: “penso que o Futebol Clube do Porto controlou o jogo” - pois penso, tipo rápido, foi assim do princípio ao fim, mas a relva, porque era verde, estava pelos da casa e, quando assim é, nada há a fazer. Quero dizer também que “foi uma resposta óptima dos meus jogadores” - sobretudo do holograma chamado Sapunaru que, mais do que estar fora de jogo, estorva em favor dos adversários -, que “tivemos um comportamento digno e demos uma resposta muito positiva” - até porque a viagem foi de comboio e quatro são menos do que cinco -, que “não saio nada desiludido” - toda a gente sabe que não saio, não saio, não saio e que ninja uma vez, ninja para toda a vida, mas, é pá, eu pensava que ele ainda era dos nossos -, e que “ganhámos aquilo que queríamos” - e, não sei se já disse, a minha cabeça está cheio de fantasias da Disney e da Pixar, eu sou o Wall-e, uma máquina pensadora, e gosto muito do álbum duplo The Wall dos Pink Floyd, sobretudo daquele versinho «we don’t need no thought control», porque para pensar estou cá eu, que até sou professor e, por isso, não gosto nada daqueles programas da televisão dos apanhados ou lá como é que se chamam, porque fazem as pessoas fazerem figuras de urso e, muito sossegado, muito tranquilo com as minhas tácticas e o meu cérebro, eu não gosto de ver pessoas a fazerem figura de urso. Intendente G. Vico da Costa.

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o senhor Portela Piedade e o amigo dele que perdeu os sentidos. o corpo procura uma sequência, a necessidade, a natureza, impõe-se-lhe deste modo. estás a falar de droga? julgo que não. espera, não sabes sobre o que é que estás a falar? agora não, não sei sobre o que é que estou a falar, julgo que estou a divagar; estou a divagar, é isso. não te compreendo. e isso é um problema teu ou um problema meu? neste momento creio que é um problema nosso, um problema de comunicação nosso, porque tu estavas a falar e eu estava a ouvir-te atentamente. estás a dizer que eu não sei falar? não, não disse isso. então perdeu-se alguma coisa entre o que eu disse e o que tu ouviste? creio que não, não sou surdo. estás a ver esta bisnaga? estou, claro que estou, não sou cego. ouviu-se um tiro e a respectiva ressonância. e agora? O Marquês.

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2009-02-03


Black-hearted boy. Zombie zeva novi. A viúva.

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Diálogos, vi. Eu não gosto de filmes antigos. Ele gostava e, às vezes, durante o zapping, estacionava num filme desses e punha-se a dissertar. Ele sabia ou fingia que sabia muito sobre os actores e os realizadores dos anos quarenta e cinquenta. Até que um dia, foda-se, ó amor, lhe disse eu não gosto de cowboyadas com esse John Wayne. E ele, ó querida, explicou-me, olha que o outro John Wayne, o Gacy jr., embora fizesse umas palhaçadas, era um cabrão muito pior, molestava e matava criancinhas. O que me fez pensar em escuteiros. A viúva.

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2009-02-02


errata d’helder, vii. página trinta e um, linha sete, onde se lê boazona deve ler-se beladona. Edgar da Virgínia.

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2009-02-01


A minha aventura francesa com o general Custer, i


© Marco Ferreri, Touche pas à la Femme Blanche, 1974.

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2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).