Diálogos, vii. Houve uma altura em que lhe manifestei a vontade de ter uma tatuagem. Julgo que, pelas palavras que escolheu, desde que não seja um golfinho na omoplata ou uma rosa acima de um dos seios, ele não gostou da ideia. Não, amor, estou a pensar num dê e num jota estilizados ou num símbolo chinês, expliquei-lhe e provoquei-o, sabes onde?, levantando a saia acima dos joelhos e estendendo o tornozelo esquerdo na sua direcção. Ele estava a ler um livro, não levantou os olhos e, tu não me fodas, ó querida, dê é de Deolinda e jota é de Jesualdo, reagiu rispidamente, e de chinesices nada sei. É por isto que não desisti, um dia destes vou ter uma tatuagem. A viúva.