Dias de zero a zero. Na vida há coisas que são para levar a sério, mesmo muito a sério. O futebol é uma delas. Isto é mais ou menos como Norbert Elias explicou. Uma pessoa afeiçoa-se à insígnia do dragão e às cores respectivas, riscadas ao alto, e espera excitar-se com isso. O princípio é elementar e salutar, não é básico ou selvagem. Ora isto estava tudo muito bem até chegar ao Futebol Clube do Porto, para ser mister, uma espécie de contracção entre o menino Jesus e o pato Donaldo. É facto que após isso, entretanto, o Futebol Clube do Porto foi campeão duas épocas consecutivas, a última e a penúltima. Mas também é facto que, não obstante a consagração do Futebol Clube do Porto, em uma e outra dessas épocas um portista que leva o futebol a sério sentiu quase o mesmo que sentiu quando o grémio do pássaro arrecadou o título na época 2004/2005, com o mister Giovanni Trapattoni. Não é preciso alongar a declaração para perceber a gravidade da situação. Acresce que uma pessoa que leva o futebol a sério entende quase tudo, mas não entende a utilidade de um holograma a ocupar a posição de defesa lateral direito, por exemplo. Não é preciso ser uma sumidade em futebol para perceber que, por mais bonitos que sejam, podem até ser importados, os hologramas não jogam à bola. Pelo que, sobre o relvado, antes uma placa de esferovite com a figura do Bosingwa do que um holograma. Ou, então, uma pedra de curling. Seguramente que, embora não seja rastaquouère, o Sapunaru há-de ser capaz esfregar gelo. Pelo menos parece que é isso que o mister Jesualdo Ferreira o vê a fazer. Intendente G. Vico da Costa.