Endless summer of the damned. Sobreviver é envelhecer. Ele está neste processo também, porém crescentemente confinado na sua impaciência. Às vezes tenta a ausência de si e do que, porque compreendida, a sua condição compreende. Não há cura, não é desespero. É o que é. Daí que ele padeça de uma espécie de irritação, cosa mentale, que nada tem de romântico ou dorido. Desassossego, talvez seja adequado chamar isto a tal irritação. É incómoda e fatal, sim, senhora, e sim, senhor, mas não tanto que suscite inclinações suicidas ou homicidas. Provoca sobretudo uma atitude cínica, esforçada em tentativa liberal, e o desejo de gritar. Talvez seja assim porque ele aprendeu a gritar ouvindo Bauhaus e tem memória exacta disso. Talvez. Sabe-se lá. Para confirmar o caso seria necessário fazer raids ao seu juízo, safaris à sua inquietude. Mas qual a vantagem disso?, para quê tal averiguação?, se impossível ir além da tangente ao que interessa. O que interessa é que ele grita a sua impaciência, foda-secaralhonuncetinhoramortisnostræ. Confessa-a, como se ditasse uma oração ao calendário. Sem entusiasmo. Ele é rapaz de outono, do prazer do verão morto. E, sinceramente, nada disto interessa muito. Ou pouco. Segismundo.