2010-03-26
Efeito borboleta, exercício de aplicação. Um steward - portanto um estrangeiro ou alguém com nome equiparado a Rod Stewart sem o Rod e que não tem necessariamente de saber cantar some guys have all the luck ou o que é fruta de dormir ou se o guarda Abel tinha um bigode à senhor Reinaldo Teles -, um steward faz uma provocação no túnel de acesso aos balneários de um estádio de futebol da borda da segunda circular e o senhor presidente da liga portuguesa de futebol profissional torna-se o senhor presidente da câmara municipal de oliveira de azeméis em regime de exclusividade. Corolário, o Hulk não é verde, o Sapunaru tem poderes e a borboleta, porque inominável, chama-se senhor presidente da comissão disciplinar da liga portuguesa de futebol profissional. O caos é fodido. E quem vê meses não vê jogos menos um ou dois. Intendente G. Vico da Costa.
2010-03-25
2010-03-23
Conferência comanche. A realidade não existe, é tudo ficção ou linguagem. Avalanche, avalanche. A navalha tem que ir até ao osso para limpar a alma. Bruce Bílis.
2010-03-22
Flash delirium. Rápido, rápido, antes que a cabeça salte fora, cair para e por a toca do coelho que o Donnie Darko vê. O mesmo tempo, outra volta, outra corrida. Segismundo.
2010-03-19
melancolia zündapp
# xl. salvo situação hemorrágica, o coração é a academia do ressentimento, o sentimento sempre outra vez, a manutenção dele em circuito fechado. Edgar da Virgínia.
2010-03-15
Playing sour apples. O inverno deve ser do nosso contentamento, chuva e frio justam o corpo às condições que ele pode. No entanto a maioria das pessoas prefere atravessar o verão, evitar o capítulo dos lugares e das vozes que os lugares, porque demoram, levantam. As pessoas julgam-se caravanas, autocaravanas, para assentar com mais exactidão a ideia. O verão permite-lhes essa ilusão, biquínis, calções de banho, sandálias. Durante o inverno sentem a vida como o romance dos demónios, a manhãs das ausências e das falências. Como são intermitentes - portanto tristes - as criaturas solares. Segismundo.
2010-03-12
o erro e a pedra
# vi. o certo e o acerto, o padrão e a aproximação ao padrão, o definido e a indefinição. Edgar da Virgínia.
2010-03-11
Capítulo. Se as instâncias que têm a incumbência de provar não provam e não resolvem a suspeita e os indícios que a sustentam, como compensação social - porque a vida é mesmo assim, não pára - sobrelevam-se as presunções de culpa. Ora sucede que, à semelhança da água benta, a presunção tem alguma utilidade, porém não necessariamente a utilidade de evitar a estupidez ou a aplicação estúpida do juízo. Evita-se a estupidez consoante o sentido. E é aqui que está outro problema. Que sentido? É sempre à puta da hermenêutica, um problema como outro qualquer, que se torna. Segismundo.
2010-03-09
Regras que nunca te dirão, x. Evita as palavras adoecer e generosidade, dão rima mal emparelhada. Segismundo.
2010-03-08
Há a franja e há a marabunta. Como já uns quantos suspeitavam - porque o que tem de ser tem muita força -, quem venceu a eleição legislativa que permitiu reempossar o senhor eng. José Pinto de Sousa como senhor primeiro-ministro não foi o ps, foi o pec. Daí a consequência muito provável de se suspenderem as obras públicas monumentais por mais tempo do que aquele que a senhora dr.ª Manuela Ferreira Leite admitiu pendurar a democracia. No pasa nada. Nicky Florentino.
Grade vaudeville. O que vem na memória?, o arrasto?, coisas?, factos?, vem sobretudo a perturbação que arruma o fluxo da identidade, que limpa a imagem dela para que seja nítida, segregada, sem o grão do passado que o tempo faz necessariamente perdido ou para perder com a economia e o prejuízo inerentes a todas as perdas. Segismundo.
2010-03-05
afinal estávamos todos mortos
a gaja das mamas grandes não tinha umas mamas assim tão grandes, descomunais, pá. descobrimos o facto por acaso, depois de termos visto o último dos irmãos coen. facilitámos, foi a conclusão. enganámo-nos mas é difícil chamar engano ao que é nosso e é nosso por culpa nossa. facilitámos, pois, então, que é como quem diz demos-lhe uma vantagem imerecida. no filme a gaja era sueca, judia e amiga das drogas. na realidade emprenhámos pelos olhos. pareciam maiores do que, de facto, eram. nenhum mal para o mundo não fosse o caso da desilusão. como foi possível?, nenhum de nós sabe a resposta. parece até que, no fim de contas, entre todos nós, nenhum é apreciador de mamas grandes ou de gajas com mamas grandes. facilitámos, foi o que foi, este foi o consenso que conseguimos. e não falamos sobre o assunto ao telemóvel. anda meio mundo a escutar o outro meio mundo e vice-versa, o que faz o mundo inteiro. se a minha maria soubesse, desabafou um deles o temor. ela sabe. contei-lhe. e ela massacra-o, não pelo engano, pela facilidade. ela chega a ser cruel quando exige falar a sério com ele, o que sucede quase sempre. nunca facilitar, esta é a regra. pelos menos não facilitar como nós facilitámos, que facilitámos mesmo sem ser por desejo ou avidez lúbrica. como ela sabe da história, ameaçou deixá-lo. tem umas mamas mais ou menos, é o acorde entre nós. um dia destes digo-lhe. por nada. provavelmente ela já sabe. mas é para ser eu a dizer-lhe. pode ser que ela o deixe definitavamente. Edgar da Virgínia.
2010-03-04
Sobre piercings falamos depois. Isto é mais ou menos assim, alguém - não sei quem - disse ou escreveu isto, «a vida é o que acontece enquanto esperas pelo que nunca irá acontecer». Por outras palavras, é demasiado fina a linha que, daqui, te separa do paraíso. Tão fina, tão fina, que é invisível. Mas vais levar com ela à mesma, no cu, para ser rigoroso. Vai doer-te, vais queixar-te, no entanto vai ser mesmo assim, à bruta, uma sensação. Evitas estar a imaginar como vai ser, porque irá ser, já falta pouco tempo para ser. Não necessitas de te mentalizar. Da somatização hás-de passar rapidamente à mentalização. Bruce Bílis.
2010-03-03
Miraldino, o relojoeiro (capítulo quatro). o povo pretende-se espesso, feito plebe de todas as classes e lupanares, preparado para as cruezas e as miudezas ditadas por si, ditadas por acção ou por omissão. a chusma é assim, o múltiplo do incerto, nada há a fazer. o outro expunha uma doutrina que ele já ouvira repetidamente e continuou. o problema é quando descem arraiais de certezas e se instalam sem alvará ou favor. a plebe está para a festa, está sempre, da algazarra ao motim. a plebe não é trémula, é mole, e aceita facilmente o credo da revolução como solução. salta para os balcões, invade salões, banqueteia-se na rua. digna filosofia que lhe entregou a soberania, soltou com sarcasmo, e ainda há quem fale em crise do espírito. ele estava alheado. por aquelas palavras ou outras, conhecia aquela ladaínha há muito tempo. tossiu. o outro parou de falar. a mim preocupam-me as horas, a cadência delas, quantas são. o ofício não o soltava para a política. naqueles dias já pensava na excursão a greenwich e cuidava dos preparativos que se impunham. estou atrasado, informou ele, tenho que ir, e foi, tomando o rumo para casa, deixando o outro sozinho na entrada do jardim. O Marquês.
2010-03-02
Regras que nunca te dirão, ix. Vai-te foder com a conversa da regra geral e da excepção à regra. Segismundo.
2010-03-01
2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).