Gebos a mirar paços, iv. Diz-se que ao senhor primeiro-ministro anda a dar-lhe ultimamente, em dose maior e com mais afinco, a mixomatose. Exagero, óbvio, porque o assunto é apenas e tão só de ordem política, portanto perdoável. É que, entre a amnésia e o contorcionismo dele sobre o que embolsou e não embolsou num passado recente - para ele imemoriável -, tout est pour le mieux dans le meilleur des mondes. Que durante determinado intervalo o senhor dr. Pedro Passos Coelho tenha deputado, segundo assento de um meirinho qualquer do parlamento, em regime de não exclusividade e que, após tal intervalo, para merecer o subsídio por livramento definitvo da deputação, tenha declarado que deputou em exclusivo é tão só o que é, uma possibilidade. Qual é o espanto? Se o gato de Schrödinger pode considerar-se simultaneamente vivo e morto, a exclusividade do senhor dr. Pedro Passos Coelho a deputar, que também mete gato - vê-se-lhe o rabo -, pode ter sido e não ter sido ao mesmo tempo. Há uma palavra em alemão que permite explicar o fenómeno. Não é Verschränkung ou Quantenverschränkung, é Wunderbar. Traduzido para a mole gentia autóctone, qualquer coisa como foda-se. Nicky Florentino.