linha de sintra. os joelhos, vêem-se os joelhos sobre o chão frisado do comboio. as meias de rede permitem ver a vermelhidão dos joelhos dela. vê-se também a cabeça a cair e a erguer-se de entre as coxas do homem. este movimento faz lembrar uma cambota, a oscilação sincopada entre os sentidos descendente e ascendente. uma das mãos do homem está sobre a cabeça dela e pressiona-a contra si. um passageiro disfarça, finge que não está a ver o que está a ver. é impossível que ela e ele não percebam que estão a ser vistos. a indiferença de ambos é tão chocante quão o movimento implacável a que a mão do homem a obriga. as mãos dela estão apoiadas nos joelhos dele. parece uma posição de defesa, a submissão combinada com a prevenção. a cena não é repugnante, é estranha, animal e normal. o comboio chia. mal se percebem os movimentos pélvicos dele, nota-se a tensão que tem nas pernas. às vezes levanta a cintura. O Marquês.