2012-09-07
Zona de conforto. Foi anunciado. Inaugurado o ano que há-de vir, dois mil e treze, o catoze do milénio, na pátria ditosa o sedentarismo passará a custar mais sete por cento a quem vive do suor. Quem quiser melhor tem remédio bom, que viva de réditos, rendas, heranças, dividendos. Os gentios exultam, ainda por cima agradecidos e esperançosos - quem é que não gosta de ter de pagar mais para trabalhar?, se se paga para comer e beber e ninguém se queixa -, com o cenário anunciado e mandado pelo senhor primeiro ministro. Primoministrar assim é um asseio, porque o que é necessário é aliviar este chão pejado não apenas de sobejos de professorado mas sobretudo de portugueses, essa espécie autóctone e mandriona, dada à lassidão e a anseios e gastos superiores ao que mandriice permite. Emigrai, gentios, xô, emigrai, abri alas à vontade dos gestores de insolvência que desgovernam e representam no reduto doméstico a entente usurária e prestamista e quanto lhe subjaz. A felicidade virá depois. A felicidade vem sempre depois, da miséria ou da emigração. Pelo menos quando e para quem há depois. Ou isso ou a partir de janeiro próximo passa para cá mais sete por cento, que é uma beleza. Custe o que custar. Que custa quase nada. Pelo menos segundo algumas orações de Illinois. Nicky Florentino.
2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).