2012-08-15
Moriarty morreu?, xii. não quero continuar a mentir, a mentir-te, a reflexão do verbo aturdiu-o, preciso de libertar-me. a raiva impulsionou-lhe a reacção, a confissão não vai libertar-te, estás apenas a fazer-me sofrer, puta, pensou ainda o insulto, não o afirmou. depois libertar-te-ás. ele não conseguiu admitir esse cenário, mas agora estou a sofrer por causa de ti, o momento era avassalador, como se o tempo estivesse estancado e não fosse possível sair dele. antes não sofrias por causa de mim porque a mentira anestesiava-te. acusou-a, puta, de pé, com a voz ainda mais grave, porém sem gritar. sou porque deixei de ser capaz de fingir o que não quero fingir, ela tentou a defesa. uma mentira grande, sempre?, uma combinação de desespero e fúria causou a interrogação. não. amei-te. sentiu o pretérito perfeito do verbo como uma agressão. sentiu-se mal, o ritmo cardíaco acelerado, as mãos suadas. tentou agarrá-la. ela esquivou-se. agarrou-a. larga-me. apertou-a com mais força. puta. O Marquês.
2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).