Da legião. Separem-se as águas. Jack Bauer é realidade, Bear Grylls é ficção. No que um é autenticidade e presença, o outro é simulacro e representação. Não obstante em ambos é a urgência de postergar a mortalidade para interromper o fim, remetendo-o à condição desqualificada de cenário ou hipótese, impedindo-o de ser já acontecimento. Sofremos um, a pessoa que é Jack Bauer, e outro, a personagem que é Bear Grylls, com a mesma tristeza e a mesma verdade, a única, a da teelvisão. É isso que nos dói perder, heróis do tempo em que já não há heróis, como se nos escangalhassem a carne e ainda por cima nos privassem da aura dos tarzans que restam. O que mais nos mata não é a fome, é a falta de sentido como aquele que é proporcionado pelos totens vivos em quem podemos acreditar e confiar. Erramos mais vezes sem eles, com a certeza de que isto está tudo a acabar e que vai acabar mal. Não está, não vai já. Estamos apenas ainda na fase de preparação do fim que poderíamos evitar se. Ontem voltei a lembrar-me de Jack Bauer, hoje continua a ser verão. Subsiste o panorama triste. Tudo bem, apenas maça a orfandade. Segismundo.