Vinte e um valores a etologia e antropossociobiologia. A inveja, sempre a inveja, a palavra derradeira daquele poema sobre a fauna autóctone, derramado por uma dezena de cantos, escrito por um zarolho. A matilha gentia alçou o lábio superior, exibiu o esmalte dos caninos e deixou escorrer o muco salivar porque
o senhor ministro adjunto e dos assuntos parlamentares é «licenciado». (Atenção, as aspas não servem para desliteralizar as palavras, servem para reforçar a literalidade e a poesia delas.) Por uma «universidade». Como resulta óbvio, o assunto e o caso não merecem a consideração ou a indignação que suscitaram. É tudo lícito e aceitável, muito. Sabe-se melhor do que muito bem que ter sido secretário de estado, deputado num número cabalístico de legislaturas, presidente de uma assembleia municipal e de uma região de turismo habilita qualquer criatura em, por exemplo, «epistemologia da ciência política», «métodos e técnicas de análise política», «história das ideias e teorias políticas» ou «inquéritos e sondagens de opinião». De igual modo o envolvimento e a participação nos enredos e esquemas cavilosos do psd durante duas décadas provê qualquer fulano em, por exemplo, «política, ética e vida quotidiana» - unidade fundamental em qualquer curso de graduação ou pós-graduação em ciência política -, «cts» ou «semiótica, sociomédia e marketing político». Assim como ter sido consultor da sociedade Barrocas, Sarmento e Neves, sa ou director da revista
templários - turismo - que, nada de confusão, é condição bastante diferente e independente de presidente da região de turismo dos templários - capacita quem quer que seja em, por exemplo, «etologia e antropossociobiologia», «história das ideias» ou «teorias políticas ii». A grande dúvida em todo o processo reportado é o motivo por que o «conselho científico» da «universidade» implicada exigiu ao agora senhor ministro exame em «introdução ao pensamento contemporâneo». Com um bocadinho menos de má vontade não teria dado para processar o reconhecimento, validação e certificação de competências da criatura também nesta matéria? Parece que sim. Mas ainda bem que prevaleceu a má vontade, pois assim houve oportunidade de classificar com dezoito valores o conhecimento do senhor «dr.» Cassola Relvas em «introdução ao pensamento contemporâneo». Que os membros do «conselho científico» envolvido na história sejam identificados, ovacionados e agraciados com comenda justa e rapidamente. Merecem. Tanto quanto o senhor «dr.» Cassola Relvas fez para obter a «licenciatura». Burocracias e minudências incluídas, o processo demorou aproximadamente treze meses. A propósito de equivalências, demora equivalente ao período de gestação de um quadrúpede de espécie asinina.
Nicky Florentino.
alfredo said...
e raios!