Weber morreu outra vez. Vide aqui o motivo. O monopólio do uso legítimo da força nunca foi característica distintiva do estado, mas foi assumido como tal. Um erro, porém erro que permitiu referência, não integridade. A doutrina liberal alinhou no equívoco e usou-o para limitar a acção em nome do estado. Entre outras consequências, isto permitiu a vigilância cívica, a censura e o controlo dos abusos perpetrados em nome do estado. Sucede que, em prol de uma ordem que não há - e que se pretende impor por modos e formas de violência diferentes -, tem vindo a banalisar-se o uso despropositado e desproporcionado da força por parte das «forças de segurança». A banalisar-se porque sem consequências, seja na responsabilização de quem perpetrou, seja no estabelecimento de caução eficaz com vista a obstar à reincidência. Tornou-se consentâneo malhar em manifestantes ou circunstantes, o que, não sendo necessariamente desagradável à vista, suscita perplexidade e interrogações. Age-se assim em nome de quê? Com que legitimidade? Por outras palavras, onde é que andam os liberais? Liberais, não a matilha dos apóstolos do despotismo mercantilista e usurário, parte com domicílio governamental, apóstolos tão adventícios e possidónios quão deslumbrados pelo servilismo ideológico a que se ofereceram. Acreditassem ter um rebanho de virgens à espera deles no tecto do senhor e, na devoção, cabrona como qualquer devoção, não se distinguiriam de membros de outro tipo de récua. Isto não é uma alegoria. Nicky Florentino.