Nação valente e imortal. Quando se perde o sentido da simplicidade dá para quase tudo. Inclusive para não ver o que é evidente. No capítulo nono do livro terceiro de Du Contrat Social, Rousseau sondou os critérios em função dos quais poderia avaliar-se a qualidade do governo. Não é que a filosofia política de Rousseau seja de fiar - o conceito de vontade geral faz eriçar qualquer juízo minimamente sensível à liberdade -, porque não é, mas suspenda-se a fiança e o receio por instantes. Apesar de problema complexo, entendeu Rosseau que, em instância derradeira, o governo bom é aquele capaz de proporcionar o crescimento populacional (*). Em exercício aplicado desta concepção percebe-se que as situação e tendência demográficas da pátria - consequência da diminuição do índice de natalidade e do aumento da emigração - são o indício da desgraça. Em portugal, procriar é prometer prole à desgraça. Pelo que, em termos políticos, neste chão, a quem com capacidade reprodutiva resta a decência de não amaldiçoar quem possa ser parido, usar dispositivos contraceptivos, masturbar-se ou escolher parceiro do mesmo sexo para a brincadeira. Nicky Florentino.
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(*) “le gouvernement sous lequel, sans moyens étrangers, sans naturalisations, sans colonies les citoyens peuplent et multiplient davantage, est infailliblement le meilleur” (in Jean-Jacques Rousseau, Du Contrat Social, Paris, Édition Gallimard, 1964 (1762), p. 242).
said...
Tocar piano e falar francês é coisa fina. Todavia já foi chão que deu uvas. Resta a terra, quando resta. E, como esta, em pousio, só dá erva, é necessário tratá-la como quem trata a vida. A que merece ser vivida. Acontece que ultimamente só tem dado a aboborinha que alimenta os porcos. Por isto ás vezes penso que o melhor seria deixar crescer o capim até que houvesse um fogo que a limpasse.