mistério. o guerreiro voltava a casa e entregava a espada à esposa para que, com o cuidado devido a qualquer arma usada, fosse limpa. seguindo a tradição da estirpe, ela limpava-a com lenços de linho, ensanguentando tantos quantos fossem necessários, que depois lavava em água corrente e abundante. um dia, sem porquê, ela não usou os lenços para limpar a espada, lambeu-a. e desde então ansiou que ele voltasse mais rápido das batalhas e que o intervalo entre elas não demorasse tanto. ao contrário do que possa julgar-se, ela não foi ficando mais nova a cada regresso do marido dos combates, não, ela envelheceu ao ritmo dele. para além disto, as folgas da paz, que antes tanto desejou, tornaram-se um período de agonia para ela. até que, também sem porquê, iam as tréguas longas, dormia o marido o descanso dos guerreiros, ela golpeou-o vezes várias e sentou-se na cama de docel a lamber a espada. vindo em socorro por causa dos gritos ouvidos, a criadagem avançou incrédula para os aposentos e chorou o herói morto. por quem?, esta é uma dúvida que os investigadores jamais esclareceram. O Marquês.