Uma geral, ii. A vida é a cair. A queda é sob condição. Como escreveu Upton Sinclair em I, Candidate for Governor: and How I Got Licked, há limites. It is difficult to get a man to understand something, when his salary depends upon his not understanding it. Mas não é sempre assim, há vida aquém e além da alienação. O osso assinala-o, desperta. O desemprego e a precariedade não são zonas de conforto. Muitas e muitos tornaram-se aí caça e casca grossa. A sobrevivência é subvivência. Já não somos capazes de resgatar os gestos simples, a vida singela. Comunidade?, só imaginada. Pela comodificação, a comodidade transformou-se em comodismo. E por acréscimo veio a conformação. É o capitalismo e os vencidos da vida, os triunfantes e os derrotados, sem apelo e com agravo. Mas, salvé os estupefacientes, permanece a dissonância cognitiva. A dissonância cognitiva é nossa amiga, suscita o inconformismo, também o inconformismo histérico, mas não tanto o inconformismo histérico, estéril nas consequências além do frenesim, sobretudo o inconformismo do desassossego, que propõe interrogações. Esta merda é assim porquê?, esta merda tem de ou que ser assim porquê? E, numa atenção que não vem na fome ou no salário, percebe-se, não há porquê, há porquês. Chega-se ao porquê dos porquês, se não tanto, pelo menos à desilusão, ao desassossego. É este incómodo geral que demora e há quem aproveite, parte em proveito, outra parte em prejuízo. Óptimo era não haver anestesia social, greve, manifestação ou qualquer modalidade de protesto. Óptimo era transformar a política em caso de polícia, chamar o corpo de intervenção e os snipers. Provavelmente, com os ossos descascados, perceber-se-ia com facilidade maior a anomia que dói na submissão e no estabelecimento cardado dela. Assim como assim, subsiste a felicidade mansa, chamam-lhe resistência. Embora mais autêntico, chamar-lhe humilhação poderia magoar. Não é isso que se pretende. Pleonasmo, a queda é para baixo. Seja bem vinda. Morrer de pé é um modo de viver estranho. Segismundo.