Tudo. Gosto quando tudo se fode. Tudo é pouco, está bem, porque o meu mundo é pequeno e não o desejo maior, mas gosto quando tudo se fode. Abusos e vícios melindram a malta. A malta é melindrosa, tão mais melindrosa quão menos precária. A malta compadece-se com o ministério público, guindastes e máquinas de lavar a alta pressão avariadas. Daí manda chamar-se alguém competente, o técnico, para consertar o equipamento. O período de garantia contra defeitos de fabrico e montagem já expirou. A mão de obra é cara, o custo da reparação é a pronto pagamento. Felizmente não é tudo um problema de lavandaria social. Já podemos comprar shampoo dois em um, para lavar e acondicionar o cabelo. Lustroso, sem caspa. Foda-se. Quando tudo se fode não significa que tudo é fodido. Foder é uma expressão de força. Mas tudo é muito, mesmo muito, não é um jogo de lego com as peças todas. Há sempre algo que fica de fora. Pelo que, na prática, foder é com jeitinho, selecção, não é à bruta, carregar num botão e, pum, omnipotência, tudo fodido. Tudo é muito, portanto exige muito. E a malta é melindrosa, tem sensibilidades, não aprecia confusões. Que se foda. Bruce Bílis.