Revelações. Os adeptos do livramento, que vivem sob a ânsia de ordem e progresso, são propensos a sobressalto quando confrontados com a realidade. Como participam intensa e intimamente no simulacro que desejam - às vezes até pela hipocrisia -, tendem a entender cada choque com a realidade como crédito à sua posição e prova da necessidade de se concretizar o plano do livramento. Um exemplo. Em portugal o número de abortos registados aumentou. Como há crise, há quem afirme que esse facto é consequência da crise e da lei actual que regula a interrupção voluntária da gravidez, que, supostamente, estimula e patrocina a licenciosidade. Antes, com o regime restrito e com pena de cárcere, pretendem, é que era decente. Não havia crises e não havia estatísticas oficiais que revelassem a realidade. Podia-se fazer de conta que a realidade não era o que era e o que é. Havia quem não visse e não quisesse ver. Continua a ser assim. As mulheres recorrem ao aborto. Agora esta realidade está só mais exposta em indicador. A viúva.