Síndrome de Shatner. Sou moça prendada e digo cona como o meu querido antes de ser zombie dizia caralho. Pouco é o que me incomoda ou inquieta. Mas ontem à noite fiquei um bocadinho apreensiva com as voltas que a vida dá e nos dá. É que fiquei a saber, por exemplo, que a mãe do capitão Kirk é a dr.ª Cameron, a rapariga um bocadinho apatetada da primeira fornada de aprendizes do médico doutor Gregory House, que, mesmo sendo coxo e engolir vicodins como quem come smarties, já apalpou as mamas à dr.ª Cuddy, que é a chefe dele, lá no hospital. Que Winona Ryder casou com um embaixador vulcaniano e é a mãe do Spock, Spock que é o Sylar, o corta testas daquela cambada de prodígios cujo lema é save the cheerleader, save the world, embora com as orelhas tipo agulha, afiladas, e um penteadinho muito à foda-se, capaz de suscitar o impulso de mandar erigir um monumento ao cabelereiro do mister Paulo Bento, não é o Spock velhinho. Que o Júlio César da Xena, a princesa guerreira, é agora o dr. Leonard McCoy, um alcoolatra que injectou não sei o quê no capitão Kirk quando o capitão Kirk não era ainda capitão Kirk, era um gajo com cadastro desde idade tenra e bruto como uma carrada de mato. Que o nome próprio de Uhura é Nyota. Que Sulu é Harold, aquele tonto parceiro de Kumar, que é o dr. Kutner, um dos sobreviventes da fornada segunda de aprendizes do médico doutor já referido, Gregory House, e agora faz parte do staff do presidente mister Obama. E que o gajo que já foi Hulk, Heitor e um vingador do setembro negro por conta da mossad, tudo em anos seguidos, agora é um mau chamado Nero com orelhas à Spock, numa nave meia lula meio escaravelho, muito pior do que aqueles olharapos que se começaram a ver depois de Neo ter engolido o comprimido vermelho e ter percebido o que cona era a matrix, Nero que veio do futuro e usa matéria vermelha para gerar buracos negros, o sacana. Andava eu tão entretida, a viver dentro de uma banda desenhada sem desenhos, e agora não sei o que sou e o que irá ser de mim. Já passa. A viúva.