Memória dos dias do fim. Antigamente, antes da oportunidade de descobrir a prosa do senhor prof. doutor João Carlos Espada e do senhor prof. doutor João César das Neves, um gajo tinha dificuldade em alcançar publicações periódicas decentes e, por conseguinte, orientações edificantes. O mais aproximado disso que havia a circular na cidade pequena, recomendado por um ror de marcas de máquinas de lavar roupa, era a revista Gina e o almanaque Groo, the Wanderer. Isto e os jornais desportivos. A Bola saía às segundas, quintas e sábados, o Record saía às terças, sextas e domingos. Da periodicidade da Gazeta dos Desportos não vale a pena fazer a arqueologia agora. Seja como for, quando, no princípio da primeira aula da manhã, um gajo clamava este filho da puta e riscava com raiva a efígie do Boniek, a abalroar o João Pinto dos prognósticos só no fim do jogo e a aproveitar para atentar contra a verdade desportiva, cena exposta a colunas várias na capa do jornal desportivo do dia, uma quinta-feira, um gajo era expulso da sala por um professor de português em regime de substituição - seguramente um benfiquista ressabiado -, mas sabia que podia ir tomar o pequeno-almoço no bar, o que fazia tranquilamente, com o jornal desdobrado e consciente de que a regra do golo em hectare alheio render o dobro no cômputo de cada eliminatória dos troféus da eufa não valia em jogos de final. Basel não era a casa dos outros, a dos que jogaram com camisola amarelo Simpson. Filhos da puta. O Platini, agora gordo e todo muito fairplay e contra a batota, era um deles. Marcado para o resto da vida. A tristeza não foi em vão. Baú (do Segismundo).