o senhor Lobo Antunes. por causa de um cabo para o ipod, que não encontrou, cuspiu na sogra, esbofeteou um dos sobrinhos, pontapeou o gato, o gato arranhou-o na cara, foi à casa de banho pôr água oxigenada nos sulcos lavrados pelas unhas do bicho, comeu a sopa fria - porque a mesa para jantar já tinha sido posta e o prato servido há bastante tempo -, gritou, esmurrou a esposa, a mão ficou a doer-lhe, partiu três copos e a terrina, mandou a bimby ao chão, empurrou uma cadeira contra o fogão, fez voar o pão e alguns talheres à altura das sanefas, disse quem me dera ser muçulmano para não sofrer assim, benzeu-se com o sinal da cruz e, por conta de toda esta agitação e dos gritos, o gato continuava assanhado, a jarra com flores de plástico que estava sobre o louceiro tombou e lascou, a esposa clamava com histeria foi a minha mãe que me deu esta jarra, não tinhas o direito de a estragar e ele, porque a lua não estava em quarto crescente, assestou mais umas porradas na esposa, na sogra que acorreu em defesa da filha e no sobrinho que ainda não tinha parado de chorar e, embora soluçando, parecia estar a querer começar a uivar. O Marquês.