Baixar as calcinhas. O governo - parece que é este o nome da coisa - aprovou um decreto-lei que, em dois mil e nove e dois mil e dez, permite à administração pública adjudicar por ajuste directo - portanto dispensando concurso - empreitadas cujo contrato monte até *cinco milhões, cento e cinquenta mil euros* assim como adquirir ou locar bens móveis e adquirir serviços cujo contrato monte até *duzentos e seis mil euros* (vide ponto 2 do comunicado do conselho de ministros de trinta de dezembro de dois mil e oito). Para além do governo ter definido valores baixos - podia muito bem ter estipulado valores superiores, da ordem da grandeza daquilo do bpn ou do bpp - e apenas para dois anos civis - podia muito bem ter estipulado tais regras até acontecer o apocalipse -, a decisão governamental é mais ou menos equiparada a andar sem calças no metropolitano da capital. Isso é com cada qual, está bem, pode até ser bonito para vista, do mesmo modo que pode originar choque ou suscitar entusiasmo. Seja como for, o termómetro não aconselha disparate tamanho. Ou desgoverno do género. Está frio, está para agasalho e juízo. O que não significa que em Portugal os concursos públicos sejam garante do que quer que seja. Aliás são mais ou menos o mesmo que usar calças no metropolitano. Está mais do que visto que não são necessários. Nicky Florentino.