Uma gravidez, dizem, é estado para durar entre trinta e oito e quarenta semanas, em meses é só fazer a conta. O alarido em torno de uma piada ou o caraças da senhora dr.ª Manuela Ferreira Leite é excessivo. É verdade que, embora participe com papel destacado na farsa, a criatura não tem jeito para a comédia. Indo por partes, «a certa altura» «seis meses sem democracia» não é mau. Nunca foi. A euribor, por exemplo, que é muito mais importante do que a democracia porque indexa a hipótese de um tecto de muito extracto da fauna gentia - a democracia, por ser de ninguém, é algo entre a casa de putas e a casa de tontos -, há a três, a seis e a doze meses. Há até quem suspenda o cérebro por mais do que seis meses, para arrumar ideias, e depois regresse do pousio em mortório, aliviado, como novo. Daí não vem mal ao mundo. Claro que também há quem vá e não volte. Mas para isso há os socorros a náufragos ou, em casos de gravidade maior, a medicina legal. Consta que os relatórios de autópsia costumam enunciar os motivos do passamento. A política é mesmo assim. Nicky Florentino.