O método de Mato Miranda para a resolução de todos os problemas políticos. Há uma teoria lírica - teoria lírica é qualquer narrativa autocertificada, que vinga porque sim, independentemente ou para além da prova empírica - que sustenta haver uma relação directa entre estado e corrupção. O raciocínio peregrino sem ser falcão avisa que menos estado - que é também menos regulação e consequências dessa regulação - gerará menos corrupção. Presume-se que, dissolvido esse reduto malsão e vicioso chamado estado, assim, abracadabra, hocus pocus, toutus talontus, vade celerita jubes, perlimpimpim, eclipsar-se-á definitivamente o fenómeno da corrupção. Quem levar o estado, há-de levar também as práticas capciosas e venais. Levará igualmente Hegel de braçado. Enfim, o indigenato já tem motivo para a exaltação. Sem estado ou quase isso, a pátria florescerá melhor do que pinheiros com nemátodo. Pouco importa que, em The terror of a toy, Chesterton tenha escrito que “o espírito moderno desceu à degradação mental indescritível de tentar abolir o abuso das coisas abolindo as próprias coisas”. Nicky Florentino.