A luminescência dos amantes. E súbito calaste-te, não sei porquê. A tua sombra tornou-se débil, sim, débil, mais débil do que discreta. A tua pele ficou ilegível, sem o tom corado de antes. O teu corpo cedeu, deixou a força, o impacto. Esmoreceu. Arrefeceu também. She comes in colors everywhere perdeu a verdade. Já não és tu, regular ou irregular. Nunca como no instante anterior senti a tua palpitação cardíaca assim, acelerada, o meu corpo tão entranhado no teu, os nossos corpos a corresponderem no ritmo e na violência. Mas era apenas para imitarmos Les Amants de Magritte, não era para sufocares com a fronha da almofada. Apertei demais? Porque nada disseste? Quando me arranhaste estavas a fazer-me algum sinal? Querias que eu parasse? Senti a tua excitação, pensei que estavas excitada, como eu. Até me mordeste os lábios através do tecido. Olha o meu sangue, olha a minha carne lavrada pelas tuas unhas. Ele consertou o abraço, cingiu o corpo dela ainda mais ao seu, o corpo dela bambo pelo perecimento. Ainda me amas? Porque não respondes? A primeira lágrima sulcou no seu rosto, um traço quente. E agora? E agora? O que vai ser de nós? O Marquês.