A cilada. Conta-se que, se quisesse, ele poderia ter-se furtado ao suplício. De facto, diante do horizonte tenebroso que o esperava, ele ponderou esquivar-se. Chegou a rogar a intercedência do pai, no sentido de ser poupado ao martírio. Todavia, omnipotente, o pai confirmou-lhe o sofrimento. Os da nossa estirpe não se rendem, sofrem e vingam-se. No entanto, a vingança exige motivo. Tu, meu filho, como entregue e condenado, és a condição necessária da vingança que planeei. Por vontade minha, serás o motivo da minha vingança, embora, magnânimo, conceda que a minha ira subsequente será por ti e em teu nome, transmitiu-lhe uma voz crepitada do céu que apenas ele escutou, os outros ouviram trovões. Não obstante os recursos próprios, suficientes para lhe valerem a salvação, ele acedeu ao plano paterno. Consumou-se assim a justiça ditada divinamente. O filho de deus, posto em carne, padeceu e pereceu. O seu pai testemunhou a ocorrência tamborilando os dedos da mão direita, a mão justa, sobre o joelho correspondente. E, depois, confirmado o seu motivo, soprou as fúrias sobre os mortais, para ensinar-lhes a culpa. Os mortais, cruéis e vingativos também, preferiram aprender a liberdade. Mas deus enganou-os uma outra vez, propondo-lhes o perdão. O Marquês.