Ratel africano. Ao representar a personagem de senhor primeiro-ministro, o senhor eng.º José Pinto de Sousa é sobretudo um circumnavegador de si. O que mostra é o que tem a mostrar, num exercício de gestão dramática competentíssima - não há motivo para poupar no superlativo. Daí que, na novela política pátria, quando sur scènes, ele comporte-se como um action man autêntico. Isto foi bem feito? Foi ele que fez. Aquilo aconteceu e os gentios apreciam? Foi ele que fez, obviamente. O mundo está melhor? Quem é que haveria de ser o fautor? Ai as maçãs caem no chão? Aqui o caso é mais complicado. Em parte, no que tem de perverso, tal acontece por causa da força da gravidade. Noutra parte, no que tem de heróico e virtuoso, evidentemente, há aí dedo do senhor eng.º José Pinto de Sousa, o mindinho que seja. Na prática, o fulano é simultaneamente o «reino» e o «cavalo», tudo, como nos filmes, pelo que não é preciso trocar o «reino» pelo «cavalo» ou olhar para os dentes do «cavalo». Como nos autos e nas farsas, os gentios assistem e fingem complacentemente que é tudo verdade. E que o mais feroz de todos os bichos, os do mato incluídos, é nosso amigo. À cão, cinismo com cinismo se paga. Nicky Florentino.