Os nenúfares não deixam ver o pântano. Atendendo às declarações do senhor bastonário da ordem dos advogados sobre a corrupção em Portugal, sem penhor de notar que, em determinado passo - “alguns até ostensivamente ocupam cargos relevantes do estado” -, configuram uma acusação que não é tão genérica quanto isso, o que há a relevar não é a afirmada existência de corrupção entre o escol político e burocrático pátrio. O que há a relevar, sim, é a denúncia de impunidade dos corruptores e dos corruptos. E quanto a isto, quando, ai que não pode ser, clama por dedo apontado e lista de nomes, o que o coro dos incomodados faz é lavrar a ilusão cândida de que tout va pour le mieux dans le meilleur des mondes. O caso é mental. E não é com epígonos canhestros de Mandrake que a realidade muda. Nicky Florentino.