Estética e ética do respeitinho. Segundo a edição de hoje do Público, o senhor presidente da república decidiu ofertar gravatas a reclusos e a ex-reclusos, para os entusiasmar no sentido de se entreterem com «um novo projecto de vida», não pinante. Como é sabido, para além de símbolo de enquadramento e conformidade, a gravata é uma gazua social. Com uma gravata, um gajo não se sente livre e seguro apenas, sente-se também capaz de tudo, tipo o DiCaprio a gritar na proa do Titanic. Com uma gravata um gajo torna-se respeitável. O currículo fica imaculado. O mundo transforma-se. Começa outra vez. De acordo com a mesma sensibilidade sociológica, é mais ou menos o mesmo que acontece quando um gajo estreia um par de peúgas. São auto-estima e reinserção social garantidas. Ou o caralho. Que os foda todos. Segismundo.