<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2007-12-06


As vésperas do último profeta, i. Às vezes o rapaz entra em êxtase bíblico. Em rigor, o rapaz entra em delírio. E deus ali, defronte dele, à espera, sem chamar, apenas à espera. São assim as epifanias. Até que o rapaz decide atender-lhe e pergunta-lhe estás à espera de alguém?, pá. Deus, criatura muda, não responde, obviamente. Também não faz gestos, não envia sinais. Nada. Tenta a telepatia, mas, por qualquer contingência cujo controlo lhe escapa, não consegue o contacto com o rapaz. Vai daí, cansado de esperas, o rapaz provoca-o, chama-lhe cabrão, meu grande cabrão. O possessivo é mesmo para o atenazar. Ora, porque deus não é criatura de levar desaforos para o céu, resulta da provocação referida um combate. Deus de um lado, o rapaz do outro. Na circunstância acontece sempre um fenómeno que não permite acompanhar o combate. Nuns casos levanta-se um véu de poeira, noutros casos baixa um lençol de nevoeiro denso. Não se percebe o que acontece, portanto. Quem golpeia quem, com que força, com que gesto, com que eficácia, com que eficiência. Nada. Ouvem-se as onomatopeias típicas de uma cena de pancadaria, pim, pam, pum, pumba, tau, trau, tunga, trufa, zás, mais gemidos, gritos e silêncios. Convém não esquecer que deus é mudo. Embora não seja possível assistir ao combate, a história acaba sempre do mesmo modo. Assenta o pó ou desvanece-se o nevoeiro. E vê-se o rapaz sozinho. Que nunca saiu de qualquer contenda coxo, que foi como Jacob saiu, ao passar um vau qualquer do testamento antigo. O Marquês.


2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).