Êxodo. Era um terrorista muito terrorista, o mais terrorista que possa conceber-se. Talvez até mais do que isso, porque no seu currículo constava a devoção a Charles Lee Ray (depois Chucky e abonecado), Freddy Krueger, Jason Vorhees e Michael Myers. Era um terrorista solitário, sem ismo e sem soldo, terrorista por convicção e mais nenhuma tinha, facto que o fazia não apenas ímpar mas também o mais temido dos terroristas. Durante muito tempo gizou o seu plano, porém apenas depois de ter despistado um conjunto significativo de hipóteses sobre o modo como o concretizar. Decidiu fazer explodir uma cidade, usando um dispositivo nuclear. Ansioso, avisou a população sobre o seu intento, para poder testemunhar o alvoroço. Era uma questão de perfeccionismo. Não lhe bastava induzir temor aos outros, sobreviventes, a viver nas outras localidades. Ele necessitava também de provocar e provar o medo daqueles que iria vitimizar. Por isso propagandeou a sua intenção bastante antes do instante da explosão. Quando a explosão aconteceu nenhuma pessoa estava na cidade. Mas, como uma epidemia, o terror estava disseminado por muitos dos outros lugares. A população daquela cidade, hospedeira do medo, contaminou a segurança dos outros que os acolheram, num efeito de cadeia, com progressão geométrica. O pavor tornou-se o nome da ecúmena. O terrorista, esse, tranquilo, entreteve-se a comer pão torrado barrado com manteiga. O Marquês.