Spleen reset, i. O modo como se vestia, a blusa e as calças justas, e caminhava, as pernas jogadas como se estivesse na passarelle, acentuava-lhe a silhueta, o corte curvilíneo do corpo. A blusa e as calças bastante justas. não sirvo para esta vida agarrada e ridícula, mereço mais, pensou ela e surpreendeu-se com o seu pensamento, no instante em que se cruzou com um par de jarretas, que se desviou para ela passar. Imagina-a quando chegar à idade da madame Bovary, disse um para o outro. Ela ouviu o comentário trocado pelos velhos, mas fingiu não ter percebido a provocação. Prosseguiu, testemunhada à distância por eles, agora parados no passeio, a contemplar o afastamento do corpo que os havia perturbado. a vida deve ser absurda e obscena, devemos ter a prerrogativa de nos libertar da espécie, da sua mediocridade, da normalidade, do regime de ser sem palpitação, sem ruído, sem mal, continuou ela a pensar. Entretanto susteve os passos. Colocou as mãos nos bolsos de trás dos jeans. Parecia estar a meditar. E estava. os homens são animais fracos, incapazes de superar a sua condição de mamíferos. nunca esquecem que mamaram. quando vêem uma mulher, esse facto atraiçoa-os. é sempre assim, não conseguem disfarçar. nem a velhice lhes lava a memória da mama. deve ser um fenómeno somático. Entretanto virou-se, para enfrentar os vetustos que a miravam. olha para aquilo, os cabrões dos velhos a babarem-se, como se fossem crianças. O mais tímido bateu duas, três vezes a bengala no chão e retomou o ritmo trôpego, começando a andar. Embora, a puta topou-nos. O outro, resignado, seguiu-o. O Marquês.