<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2007-10-27


Sopa com requiem. Acordou sem acordar - como é que se explica isto?, não se explica: levantou-se, ponto final. Levantou-se perturbada, a julgar que o requiem era uma espécie de pó para acrescentar à sopa, para a tornar mais espessa. Havia gengibre e uma faca sobre a bancada da cozinha. Havia outros ingredientes também, porém não interessa a sua discriminação, por ser fastidiosa. A faca sobressaía, lâmina larga e romba, sem brilho. Já tinha ido à amazónia e voltado e lá, quando a fome apertou, serviu para amanhar sapos e macacos, que foi o que se conseguiu arranjar para a dieta. Mas agora a faca estava ali, posta como morta. não, o requiem não é bem uma espécie de pó, é mais uma espécie de caldo knorr, para temperar a sopa. Eles famintos e eu angustiada, sussurrou para si. Contornou a bancada, olhou outra vez para os ingredientes, mais próxima. Batatas, cenoura, cebola, azeite, sal, gengibre... Calou-se e assentou as mãos sobre o bordo da bancada, com os polegares encontrados, e deixou a cabeçar pender, como se estivesse extenuada. Não estava. Não me apetece fazer sopa, não vou fazer sopa, determinou. Pegou a faca, sentiu o rebite mal cravado do seu cabo, e afundou-a no peito. Não gritou, não gemeu, nada. Retirou a faca, pousou-a sobre a tábua, colocada no limite da bancada, imediatamente ao lado do fogão. Um golfo de sangue saiu de si, precipitando-se sobre o fogão, atingindo também a panela sobre ele. Depois outro golfo, mais outro e mais outro ainda, ao ritmo da sua respiração. Baixou-se e estendeu-se no chão. Sob ela havia já uma mancha grená líquida alastrada. o requiem... Hoje... o requiem... não vou fazer sopa... o requiem... com gengibre, disse. As últimas sílabas foram pronunciadas com demora e cortadas, como se ela segredasse à morte a sua decisão. O Marquês.


2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).