Neo e o comprimido vermelho. Muitos dos que defendem uma constituição nova encostam-se ao argumento da necessidade de proceder a uma limpeza da tralha ideológica que foi inscrita na constituição de milnovecentosesetentaeseis. Que os amanhãs já não cantam, que já não vamos para o socialismo, que vale apenas marchar contra os canhões. Em suma, fazendo a higiene da constituição em vigor, neutralizando-a, chegar-se-ia a uma constituição perfeitinha, curtinha, prática, porreirinha, com os fundamentos necessários e básicos apenas, sem fins, sem programação. O senhor director do Público, em editorial na edição de hoje, dá uma achega. Por exemplo, limitar constitucionalmente “os défices públicos a todos os níveis”. Porque isto, está bem de ver, não é um fim, não obedece a um programa. Também não limita o espectro de acção possível da política. Não, isto é um princípio fundamental. Em prol dos vindouros. Natural, mesmo, que vem da natureza. Foda-se. Não há uma saída fácil da estupidez. Nicky Florentino.