Da (des)confiança. O conceito «confiança política» assenta sobre um equívoco. É que, se há política, há política justamente para permitir estar aquém da confiança. É óbvio que, em situação democrática, a ficção «representação política» complica a analítica do caso, no sentido em que se presume que o representante, porque constituído pelo representado, é escrutinado em função do crédito fiduciário que suscita. Outro equívoco. Porque, em democracia, os representantes não carecem de uma procuração dos representados, emitida por motivo de confiança, para serem representantes. Por maior que seja a abstenção eleitoral, o rateio das honras representativas faz-se à mesma. Portanto, a confiança não é política. Aliás, o conceito «confiança política» é um oxímoro. Política é a política, ordem da força e do engano. O resto é sobejo. Nicky Florentino.