<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5515885\x26blogName\x3dAlbergue+dos+danados\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://alberguedosdanados.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://alberguedosdanados.blogspot.com/\x26vt\x3d-7878673483950887896', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>
Albergue dos danados

Blog de maus e mal-dizer 

2007-07-03


uma mão sobre Philip Larkin, ii. Porque a mãe tardava aparecer, a criança começou a chorar. O problema não era o atraso apenas. Na véspera a mãe havia-lhe prometido um sorvete, o que era raro a criança comer. Merecia-o em função do resultado extraordinário que conseguira num exercício escolar. Porque vigiava-lhe a dieta com rigor, a mãe estaria a demorar-se para esquivar-se a dar-lhe o sorvete prometido?, perguntava a criança a si e torturava-se com isso. A tua mãe já vem, não chores mais, ela deve ter-se atrasado por causa do trânsito, tentaram sossegá-la. Estas palavras disfarçavam mal o incómodo sentido na escola. A mãe, aquela mãe em particular, nunca chegara atrasada antes. Era exemplar também por isso. Muitas invejavam-a. Invejavam-lhe a beleza. Invejavam-lhe o estilo e a roupa e os acessórios. Invejavam-lhe o perfume discreto e a cor da pele. Invejavam-lhe o estatuto e a serenidade. Invejavam-lhe a aura. Invejavam-lhe o marido. Invejavam-lhe as prestações escolares do filho. Ninguém lhe desejava bem, mas ela também não necessitava. Era reconhecida profissionalmente e auferia em conformidade. Bem casada e, ainda por cima, ganha uma fortuna, diziam as invejosas. Na escola, decidiram contactar telefonicamente o pai da criança. Tentaram, mas ele não atendeu. Entretanto a criança tornara-se mais irritante. Não parava de chorar e soluçar. Já ninguém queria saber da mãe ou da sorte da criança, queriam que o pequeno fosse levado apenas, que tornasse o sossego. A mim ninguém paga para ser mãe de quem não é meu filho, desabafou uma. Ouvir o choro tornou-se aflitivo. Sentes falta da mamã?, sentes?, tentaram confortar outra vez o miúdo, não mais para tranquilidade dele do que para alívio de quem escutava o seu choro. Não!, não quero a minha mãe, quero um gelado, o gelado que ela me prometeu ontem. O pai continuava sem atender o telefone. Transpirado e em convulsões, segurava a cabeça da sua assistente, enquanto ela lhe prestava um favor extraprofissional. Agora não estou para ninguém... continua a trabalhar, que estás a trabalhar bem. Ao mesmo tempo a mãe, essa, descobriu-se a despertar num lugar estranho e maniatada. Diante de si estava uma maçã. Trinca-a!, ouviu ela uma voz ordenar-lhe, sem perceber de quem. o Marquês.


2003/2024 - danados (personagens compostas e sofridas por © Sérgio Faria).