Uma demanda. Às vezes um gajo aflige-se com pormenores. Por exemplo, saber o paradeiro do Ezra Pound que deveria estar em determinado lugar, aquele, que está vazio, e não está. Como consequência envolve-se numa demanda. Profere «ai o caralho» e repete, repetindo, quase como oração de responso. As mãos passam por Antonin Artaud, Heliogabale e os outros, como passam por Mário de Andrade. Constata-se que Rui Ramos * está fora do lugar, em mais do que um sentido, entalado entre Charles Bukowskis. Entretanto, sem porquê evidente, acontece uma mudança, «ai o caralho» é substituído por «foda-se». Mas tudo permanece como estava, continua um Ezra Pound em parte incerta. Não faz mal. Dá-se Sonic Youth aos vizinhos, a esta hora já pode dar-se Bad Moon Rising aos vizinhos. Desde “Ghost bitch” a “Satan is boring”. E os dedos, as mãos, agora sob banda sonora e outra vez «ai o caralho», prosseguem a perseguição ao Ezra Pound desaparecido, já alta e demorada vai a aventura contra o sono. Segismundo.