Mulherzinhas à beira de um ginásio. Um rapaz não é um animal territorial. É territorial apenas. Certas necessidades suas obrigam a reserva, espaço. Estacionar o carro é uma dessas necessidades. Outra é andar a pé, em sossego, sem ter que fazer slalom entre as carretas que as meninas e algumas senhoras donas estacionam como se, junto ao ginásio, com instalações encavadas numa ruela, o pedaço fosse delas, todo delas. Dá vontade de clamar vão para o raio que as parta, mas elas não vão. Elas vão trabalhar a silhueta para o biquini, tentando disfarçar as estrias e as pregas adiposas que acumularam desde setembro passado. Talvez não seja assim, porém todas parecem ter o mesmo raciocínio. O biombo em que se transportam tem que ficar o mais próximo possível da porta do ginásio. Até ao limite. Mesmo o limite. Se fosse rebate, seria o rebate. Mas é rampa. As mais expeditas, essas, estacionam o carro no meio da ruela, impedindo o trânsito que deveria ser raro ou nenhum, mas que, por conta da praga que elas são, é frequente. Durante uma hora, nada há a fazer. As meninas estão envolvidas com o equipamento do ginásio, a suar a carne. Quem quiser transitar que espere ou convoque a polícia que, experiente de muitas vésperas, já sabe o caso. A autoridade nada faz, revela a sua impotência e alude à natureza. À paciência. Paciência?, paciência? O problema é que a disposição dele não é à paciência e a canícula de ananases, como escreveu Fradique Mendes, também não é condição para isso. Menos ainda em relação a camafeus que, além da celulite, parecem ter uma placa de platina na cabeça. Cambada de balofas. Segismundo.