uma mão sobre Philip Larkin, i. Um olhar turvo sobre o mal. Ainda mais turvo sobre o amor. Da janela, topada com soberania na casa, não vislumbra qualquer alma viva ou morta. O calor sopra. Sente o corpo a estalar, a exigir veneno, mais veneno ou outro veneno mais forte. Chega-lhe o perfume dos frutos do pomar jacente, cujas árvores, puxadas para o plano da raiz, estão vergadas pela sede. Por instantes fecha os olhos, como se tentasse evacuar a alma e ficar em comunhão telúrica com os elementos que deixou de ver. Como com os graves, o peso da gravidade, a sua, impõe-se sobre os ombros. Ouve com mais clareza as vozes, duas sobretudo. Guarda contra o corpo a mão inquieta. As mulheres não se deixam tocar, as putas, as grandes putas. Está cansado de observar as mães jovens, de as contemplar e desejar quando passam. Começa a lubrificar uma vontade predadora dentro de si. O seu torso exige, clama, contacto com carne estranha. Surge-lhe no rosto o primeiro esgar de prenúncio de gozo. Imaginação apenas. Abre os olhos. Ainda a mesma paisagem revelada diante de si. Depois pousou High Windows sobre a mesa mais próxima, deslizou os dedos, em afago, sobre a capa e saiu. o Marquês.