Corpo e manifesto. A propósito. Há quem julga que o sexo é um exercício asseado, de leito estrito e, não menos importante, de escrutínio divino. São as criaturas castas ou quase castas. Depois há aquelas e aqueles que julgam que a masturbação é o patamar imediatamente após a castidade e que deus não consegue ver debaixo dos lençóis. Não é preciso ser o Jack Bauer ou um perito em CSI para saber que as coisas não são bem assim. Há umas luzes ou uns pós que, mesmo após o skip da imaculação, permitem constatar o pecado do derrame. Casos mais raros, há os que perfilham a ideia, nunca correspondida, de matar ou morrer por um fellatio. Com perfil mais audaz e ousado, há as e os que julgam que, dentro de casa, os limites do sexo são o chão, os tapetes, o tecto, o candelabro, as paredes e as portas. Têm a mania de arrojar a mobília e geralmente são as e os que julgam ainda que o truca-truca não é um exercício exclusivamente indoor e que a capacidade de contorcionismo e a gravidade são as fronteiras das manobras performativas. Há ainda quem não se incomode com os números - portanto, que não é adepto apenas do «uma mais uma», «uma mais um» ou «um mais um» - ou com os tipos de instrumentos (incluindo os de tuning) ou postigos usados. Por fim, há manifestamente quem não tem corpo ou cu para mais. E cabeça - ai a falta que faz a trepanação - também não. Como é óbvio, não há elegia ou hóstias para isso. Segismundo.