Propedêutica. Um, dois, três. Escrever com erros ortográficos. E com erros ortopédicos. Como o almirante aposentado que olha demoradamente a ponte, no que alcança sobre o abismo, emprestando-se contra o horizonte. Ai a saudade das fragatas. Escrever caralho, caralhinho. Escrever com ênfase. Escrever sem desmancho, sem reparo, sem parêntesis. Escrever limonada com açúcar louro. Escrever ns/nr e, depois, somehow you’ve red-rovered the Gestapo circling my heart *. Um, dois, três. Assentar que os erros ortográficos fazem bem à saúde e à putaqueospariu. Isso e o pão escuro, de mistura. Assentar que todas as palavras têm um substituto funcional, proporcional, não um ersatz ou uma mera tangente. E saber que pode escrever-se mas é mais económico fazer desenhos. É assim que melhor se imita Camões. E se é da raça de ser como cão. Porque quem ladra não morre. Segismundo.
* verso da canção «The past is a grotesque animal», parte do álbum Hissing Fauna, Are You the Destroyer? (Polyvinyl Records, 2007), dos Of Montreal.