Ora chupa aqui para ver se eu deixo. A democracia enquanto coisa que tenta existir é um fenómeno complexo. Um caso próximo permite ilustar este facto. Não há muito tempo umas quantas criaturas clamaram pela eleição intercalar da Câmara Municipal de Lisboa. Em tom gongórico, tais criaturas invocaram a necessidade de devolver a palavra aos lisboetas, que, como se sabe, como os demais gentios, quando a baranfunda está instalada, parece que têm o dom da dita, a palavra. Claro que agora começa a perceber-se a improbabilidade da resolução do problema referido através de eleições. E é isto que espanta os simplistas. É que, entendem eles no seu juízo sôfrego, deveria conseguir consertar-se a coisa mediante sufrágio. Era suposto. E era suposto porque nunca lhes assumou ao trambelho que o problema da capital decorre do défice de concertação, conciliação e consensualização das suas elites. É por isso que, não obstante os dois presuntos que possam ser vislumbrados, o problema de Lisboa é e continuará a ser um problema