Sob Vœgelin. O cavaquismo sobrevivente é o que sempre foi, uma espécie de gnosticismo. O senhor Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva vislumbra para além de todos e sobre todos o que o portugueses autenticamente necessitam - mais do que o que querem - e nunca simpatizou com o povo não ilustrado, cativo de interesses mesquinhos ou conveniências. Mais correcto, sempre defendeu o povo de si - si, o povo. Em toda a sua imanência, a acção política do fulano foi sempre em prol do povo, substituindo-se ao povo, excepto no que era difícil, justamente a empreitada da dita modernização do país, das mentalidades, da economia, da administração pública, do diabo et cætera. Onde era necessário ir ao osso calhava aos gentios, no demais do jogo ordenava ele e, depois, adormecia sossegado na travessa do Possolo. Foi assim com ele, foi, é e será com qualquer outro fulano a cumprir a função de coe deste rés-do-chão chamado Portugal. Recorde-se que, enquanto senhor primeiro-ministro, o fulano não foi senhor de grandes contemplações. Cortou a direito, com cassetete quando entendeu necessário, como sói dizer-se. Agora, enquanto senhor presidente da república, tem vindo a insistir na necessidade de ponderar isto e aquilo sobre isto e sobre aquilo. Mas, em rigor, o fulano não parece mais interessado na ponderação do que em fazer vingar o gnosticismo que professa, assente no princípio basilar de, xô!, manter os gentios no seu devido lugar. Admite a chatice da soberania popular nos concursos eleitorais, mas realça e salienta a autoridade dos órgãos de soberania. E a estabilidade, ó a estabilidade. Compreende-se, pois, que, no seu juízo douto e superlativo, geométrico e económico, a criatura jamais se tenha entusiasmado com, abrenúncio!, abrenúncio!, o referendo sobre o tratado europeu. Nicky Florentino.