O princípio do fim. Portugal não é pátria que se recomende. Provavelmente nunca foi. Porém, agora, mais do que nunca, a reserva rectangular da família Cartwright roça o estupor. Atente-se. Que o senhor presidente da República tenha revogado um indulto natalício apenas porque, afinal, quem o havia merecido estava foragido é o que é. Revogar um indulto a alguém que, antes, se tinha auto-indultado é um exercício de contorcionismo desnecessário. Poderá ficar bem no papel, mas, sobeja a evidência, é um acto redundante. Mas isto é quase nada, comparado com o facto de o senhor dr. Arnaldo Matos, outrora grão educador das massas proletárias, ter sido constituído defensor de um antigo presidente de câmara municipal madeirense acusado de corrupção. Porque onde alcança a rivolução começa o fim. Poderá parecer contraditório. Não é. Pois, se há modo eficaz de contribuir para a decomposição da farsa do estado capitalista-bourgeois, esse modo passa pelo patrocínio e pela exploração das suas próprias contradições até ao limite da insustentabilidade. Nicky Florentino.